Conceito de GADU na Maçonaria: Uma Perspectiva do Rito Escocês Antigo e Aceito

Introdução

A Maçonaria é uma sociedade discreta e iniciática que, ao longo dos séculos, desenvolveu um vasto acervo de símbolos e filosofias. Um dos conceitos mais enigmáticos e centrais dessa tradição é o Grande Arquiteto do Universo (GADU). Este símbolo transcende qualquer concepção religiosa específica, sendo um ponto de união entre maçons de diferentes credos. No entanto, as interpretações sobre o GADU variam conforme a abordagem teísta ou deísta, destacando um tema relevante dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA).

A Definição de Teísmo e Deísmo

Para entender plenamente o conceito de GADU, é crucial primeiro definir duas correntes principais de pensamento: o teísmo e o deísmo. O teísmo é a crença em um Deus personificado, transcendente e revelado, que intervém diretamente no mundo e na vida humana. Esse Deus é o criador do universo e da humanidade, sendo imanente em sua criação.

Por outro lado, o deísmo é uma crença mais filosófica e racional, onde a existência de uma divindade é aceita, mas essa divindade não interfere diretamente no universo. O deísta acredita em um princípio criador, mas sem dogmas ou revelações divinas específicas. Para o deísta, Deus é incognoscível e indefinível.

O GADU no Rito Escocês Antigo e Aceito

No contexto do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), o GADU é o princípio central da prática iniciática. No entanto, o conceito de GADU evoluiu ao longo dos anos, refletindo as mudanças filosóficas e culturais que moldaram a Maçonaria especulativa. Inicialmente, a Maçonaria Operativa tinha uma forte essência religiosa, dado que os maçons eram, em sua maioria, construtores de edifícios sagrados. Quando a Maçonaria se tornou especulativa, essa herança religiosa foi mantida, mas com uma visão mais ampla e filosófica.

O GADU, no REAA, não é visto como uma figura divina personificada, como o Deus do teísmo. Em vez disso, ele representa um princípio criador, uma ordem reguladora do universo que não exige dogmas ou credos específicos. Para o maçom do REAA, a fé em GADU é uma questão de liberdade de consciência e espiritualidade, e sua compreensão é fruto de uma busca pessoal e simbólica.

O Papel dos Landmarks e a Tolerância Maçônica

Os Landmarks são os princípios fundamentais da Maçonaria que regem a prática e os valores dos maçons. Eles variam de acordo com as diferentes obediências maçônicas, mas a crença em um princípio criador, ou no GADU, é um ponto comum. Desde a publicação das Constituições de Anderson, em 1723, a Maçonaria buscou incorporar uma visão ampla e inclusiva de Deus, permitindo que homens de diferentes religiões e crenças pudessem se reunir sob uma obra comum.

A evolução desse conceito também reflete uma crescente liberdade de consciência. No início, a Maçonaria estava mais próxima de uma abordagem teísta, mas com o tempo, o deísmo ganhou força, especialmente no REAA. Isso permitiu que maçons de diferentes tradições religiosas, incluindo cristãos, judeus e muçulmanos, pudessem se reunir e trabalhar em harmonia.

A Influência da Maçonaria Inglesa e as Divergências Filosóficas

A Maçonaria Inglesa, ao longo dos séculos, seguiu uma abordagem mais teísta e conservadora. Em 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra estabeleceu que qualquer maçom deveria crer no GADU, visto como o criador do céu e da terra. Esse posicionamento se tornou um ponto de divisão entre as obediências teístas e as mais liberais, como o REAA, que continua a adotar uma visão deísta e tolerante.

Ao contrário da visão anglo-saxônica, que impõe a crença em um Deus personalista, o REAA mantém uma postura aberta, onde o GADU não é personificado. Isso reflete a essência de liberdade e tolerância que caracteriza o Rito Escocês, permitindo que cada maçom tenha sua própria concepção do divino, sem imposições dogmáticas.

O Livro da Lei Sagrada no REAA

Outro aspecto importante do REAA é a relação com o Livro da Lei Sagrada. Embora este seja uma das três Luzes do Rito, sua função não é de expressar a vontade revelada de Deus, mas de simbolizar a mais alta espiritualidade do homem. Isso reforça a ideia de que o REAA prioriza a evolução espiritual individual e o respeito às diversas crenças, sem a necessidade de dogmas religiosos rígidos.

Conclusão

O conceito de GADU no REAA é, portanto, um símbolo que transcende as limitações religiosas e filosóficas. Representa um princípio criador universal, acessível a todos, independentemente de sua crença pessoal. A liberdade de consciência e a tolerância são os pilares desse conceito, que orienta o maçom em sua jornada iniciática e espiritual.

Referência Bibliográfica

FREEMASON.PT. O conceito de GADU na maçonaria. Disponível em: https://www.freemason.pt/o-conceito-de-gadu-na-maconaria/. Acesso em: 27 set. 2024.

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