Introdução
Na Maçonaria, o uso de símbolos é uma prática fundamental para transmitir ensinamentos e valores. A palavra “Oriente”, por exemplo, tem um significado especial dentro da Ordem, indo além de seu sentido literal. Este artigo explora a jornada do conceito de “Oriente” e como ele se transforma em um símbolo maçônico de Luz e Conhecimento.
O Oriente e o Surgimento da Luz
O primeiro passo para entender o conceito maçônico de “Oriente” é analisar o seu significado comum: o ponto cardeal onde o Sol nasce a cada manhã. É nesse local que as trevas da noite são vencidas pela luz do Astro-Rei. Por isso, o Oriente é simbolicamente o lugar de onde emana a Luz. Essa Luz, no contexto simbólico da Maçonaria, transcende a física, e torna-se uma metáfora para o conhecimento e a sabedoria.
Luz como Sinônimo de Conhecimento
O segundo passo nesse percurso simbólico está na compreensão de que a Luz natural permite que nossos olhos enxerguem o mundo físico. Da mesma forma, a Luz maçônica é o que permite que nossa mente veja o imaterial, o simbólico, e compreenda o fruto do pensamento. Portanto, na Maçonaria, a Luz é sinônimo de Conhecimento. É esse Conhecimento que os maçons buscam incansavelmente, por meio de seus estudos e rituais.
O Oriente na Loja Maçônica
O terceiro passo nos leva ao Oriente como o lugar de onde emana a Luz do Conhecimento. Na Maçonaria, o Oriente é o local onde se reúnem os irmãos para estudar, debater e aperfeiçoar-se mutuamente. Em uma Loja maçônica, o Oriente é onde está o Venerável Mestre, que conduz os trabalhos e direciona os obreiros em busca do saber.
É por isso que, quando uma Loja é fundada em uma cidade, diz-se que ela foi fundada ao “Oriente” daquele local. Por exemplo, a Loja Mestre Affonso Domingues foi fundada ao Oriente de Cascais, e atualmente se reúne ao Oriente de Lisboa. Esse Oriente, portanto, é o ponto de referência simbólico de onde surge o conhecimento para aqueles que fazem parte da Loja.
Grande Oriente: Um Conceito Evolutivo
Além da palavra “Oriente”, a expressão “Grande Oriente” também tem uma importância única. A Maçonaria Especulativa, que nasceu nas Ilhas Britânicas, logo começou a se expandir pela Europa, especialmente na França. Com o tempo, várias Lojas francesas se uniram e, em 1773, criaram o “Grand Orient de France”, um nome que seria replicado em diversas partes do mundo.
A escolha do termo “Grande Oriente” reflete tanto o desejo de uma nova organização maçônica quanto a ideia de centralização e busca de Conhecimento. Diferente das “Grandes Lojas”, comuns na Maçonaria de inspiração anglo-saxônica, o Grande Oriente passou a ser o nome adotado em muitos países de tradição maçônica liberal, como Itália, Espanha, Portugal e grande parte da América Latina.
A Influência do Grande Oriente em Portugal
Em Portugal, a Maçonaria foi fortemente influenciada pelos exércitos bonapartistas e pelos maçons que acompanhavam Napoleão em suas conquistas. Gomes Freire de Andrade, um dos líderes da Maçonaria em Portugal, foi Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano. Hoje, o Grande Oriente Lusitano (GOL) é uma das principais obediências maçônicas do país e segue a corrente liberal da Maçonaria, que tem suas raízes no Grande Oriente de França.
No entanto, a Maçonaria em Portugal também possui uma vertente regular, representada pela Grande Loja Legal de Portugal (GLLP/GLRP), que é reconhecida internacionalmente como a representante da Maçonaria Regular no país. Ambas as correntes coexistem, e a Loja Mestre Affonso Domingues, por exemplo, faz parte da Grande Loja Legal de Portugal.
Conclusão
O conceito de Oriente na Maçonaria vai além da geografia. Ele simboliza a fonte de Luz e Conhecimento que os maçons buscam em sua jornada de aperfeiçoamento pessoal e espiritual. Seja como um ponto cardeal ou como um centro organizacional, o Oriente representa o local de onde emana o saber e a sabedoria que os irmãos compartilham em Loja. Esse é o verdadeiro significado de “Oriente” na Maçonaria, uma busca constante pela iluminação e pelo progresso intelectual.
Fonte: Oriente