Introdução
A Maçonaria é uma instituição repleta de símbolos e tradições que muitas vezes intrigam tanto os iniciados quanto os profanos. Entre os apelidos curiosos que os maçons recebem, um dos mais intrigantes é o de “bodes”. Mas por que os maçons são chamados de bodes? A resposta a essa pergunta nos leva a uma fascinante jornada histórica e simbólica, que remonta a práticas antigas e eventos marcantes na trajetória da Ordem, conforme explorado na Instrução 3 do livro Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz.
Uma das explicações mais antigas para a origem do termo “bodes” está ligada a uma prática observada pelos discípulos de Jesus Cristo por volta de 33 d.C. na Palestina. Segundo o texto, apóstolos como Paulo notaram que os judeus da região confessavam seus pecados ao “ouvido de um bode”, um animal comum naquelas terras. Essa prática era uma forma de expiação: ao compartilhar suas faltas com o bode, que não podia falar, os pecadores garantiam que seus segredos permanecessem seguros. O rabino que esclareceu isso a Paulo destacou que o bode era o confidente ideal justamente por sua incapacidade de revelar o que ouvia. Essa ideia de silêncio absoluto ressoa com um dos pilares da Maçonaria: o segredo.
Avançando no tempo, outra narrativa lendária sugere que os maçons são chamados de bodes devido à sua capacidade de manter silêncio mesmo sob pressão. O livro aponta que, em 1808, durante a França de Napoleão Bonaparte, a Maçonaria enfrentou perseguições severas da Igreja Católica e do governo. Os maçons, reunidos clandestinamente para defender a liberdade de pensamento, foram presos e submetidos a interrogatórios brutais pela Inquisição. Um inquisidor, frustrado com a resistência dos maçons, teria exclamado: “Estas pessoas parecem com bodes, pois por mais que eu os flagele, não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra.” Essa frase cristalizou a associação entre os maçons e os bodes, destacando sua determinação em preservar os segredos da Ordem.
Além disso, há uma interpretação simbólica curiosa mencionada no livro: o bode é um animal cuja arcada dentária superior e inferior se ajusta de forma “justa e perfeita”, um movimento que reflete a precisão e a disciplina valorizadas na Maçonaria. Embora essa explicação seja mais lendária do que histórica, ela reforça a ideia de que os maçons, como bodes, são figuras de firmeza e integridade.
No mundo profano, porém, o termo “bodes” muitas vezes é usado de forma pejorativa, por aqueles que desconhecem ou criticam a Maçonaria. Esse uso reflete uma visão distorcida da Ordem, que, para seus membros, é um espaço de bondade, inteligência e luta por ideais elevados. O livro enfatiza que a denominação “bodes” não deve ser vista como demérito, mas como um testemunho da resiliência maçônica ao longo dos séculos.
Assim, chamar os maçons de bodes é mais do que um simples apelido: é um reflexo de sua história de resistência, silêncio e compromisso com os princípios da fraternidade. Desde as práticas confessionais da antiguidade até os embates com a Inquisição, os bodes da Maçonaria carregam um legado de força e mistério que continua a fascinar e inspirar.
Referência Bibliográfica
JUNIOR, R. Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz. [s.l: s.n.].

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