Introdução
A Maçonaria, como a conhecemos hoje, é o resultado de uma transformação profunda: a passagem do operativo ao especulativo. Esse marco, detalhado na Instrução 98 de Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz, culminou na fundação da Grande Loja de Londres em 1717, um evento que definiu a Maçonaria moderna. Essa evolução reflete não apenas uma mudança de propósito, mas também a adaptação da Ordem a novos tempos, mantendo sua essência de sabedoria, força e beleza.
Na Maçonaria operativa, os pedreiros medievais, conhecidos como Free Masons, formavam guildas que construíam catedrais e castelos. Eles guardavam segredos técnicos, como métodos de corte de pedra, e viviam sob regras estritas, registradas em documentos como o Poema Regius (1390) e o Manuscrito Cooke (1410). O Poema Regius, o texto maçônico mais antigo, sugere que a Ordem nasceu na Torre de Babel, com Ninrod como primeiro Grão-Mestre, mas, no século XVIII, os maçons preferiram associar sua origem ao Templo de Salomão, um símbolo de inspiração divina.
A transição para o especulativo começou no século XVI, quando as guildas de pedreiros entraram em declínio. Com menos construções monumentais, essas corporações começaram a admitir membros não ligados à construção, chamados de “Maçons Aceitos”. Esses novos irmãos, muitas vezes nobres ou intelectuais, traziam interesses filosóficos e espirituais, transformando as reuniões em espaços de debate e reflexão. O livro destaca que esses Maçons Aceitos eram admitidos diretamente como Companheiros, sem o longo aprendizado exigido dos operativos, o que acelerou a mudança.
O ponto de inflexão veio em 24 de junho de 1717, na Taberna do Ganso e a Grelha, em Londres. Quatro Lojas — Ganso e Grelha, Coroa, Macieira e Caneca de Vinho — uniram-se para formar a primeira Grande Loja do Mundo, marcando o nascimento da Maçonaria especulativa. Esse evento, liderado por figuras como George Payne e James Anderson, respondeu à decadência da Ordem, que sofria com reuniões raras e abandono de tradições. Anderson, em 1723, publicou As Constituições, um documento que organizou os princípios da nova Maçonaria, unificando Lojas e expandindo sua influência.
A Maçonaria especulativa substituiu o trabalho físico pelo simbólico. O Templo passou a ser o local de reuniões, e a Loja, a assembleia de maçons. Ferramentas como o esquadro e o compasso ganharam significados morais, guiando o maçom na construção de seu caráter. O livro observa que pouco se sabe sobre os rituais operativos, pois as instruções eram transmitidas oralmente e, por zelo, documentos eram queimados após o uso. Isso reforça o caráter secreto da Ordem, que se manteve no especulativo.
A transformação trouxe desafios. A admissão de Maçons Aceitos gerou tensões com os operativos, e a falta de padronização levou a variações nos rituais. No entanto, o especulativo permitiu à Maçonaria florescer, espalhando-se pela Europa e além. Em 1725, Londres já contava com 64 Lojas, um testemunho de seu crescimento. Hoje, a Maçonaria especulativa continua a inspirar, unindo homens em busca de autoconhecimento e progresso social, um legado que começou com a coragem de reinventar a Ordem em 1717.
Referência Bibliográfica
JUNIOR, R. Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz. [s.l: s.n.].

Uma resposta
DESEJO MUITO! APRENDER A USAR DESTA FERRAMENTA.