Introdução
No altar de toda Loja Maçônica, ao lado do Esquadro e do Compasso, repousa um objeto de valor inestimável e de profunda significância: o Livro Sagrado na Maçonaria. Mais do que um simples texto religioso, ele é o “Código de Moral” que cada Obreiro deve respeitar e seguir, a filosofia que venha a adotar e a religião que lhe fortalece a Fé. Sua presença é um lembrete constante da crença em um Princípio Criador e da busca incessante pela verdade e pela virtude.
A Abertura Ritualística: A Presença do Grande Arquiteto do Universo
A abertura do Livro Sagrado na Maçonaria marca o “início real dos trabalhos”. Este ato é de transcendental importância, pois simboliza a “presença efetiva do Grande Arquiteto do Universo”. No Grau de Aprendiz, o Livro Sagrado é tradicionalmente aberto no Salmo 133 , que exalta a união fraterna: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”.
Após a leitura do Salmo, o Oficiante, de forma compassada e audível, entrelaça o Esquadro e o Compasso e os deposita no centro do Livro Sagrado na Maçonaria. Essa união simboliza a “medida justa que deve presidir todas as ações”, garantindo que o Maçom atue com Justiça e Retidão. As pontas do Compasso, ocultas sob o Esquadro, indicam que o Aprendiz deve ser paciente no trabalho da Pedra Bruta, só podendo usar o instrumento linear após sua obra ser aceitável.
Diversidade e Tolerância: Uma Fonte Universal de Sabedoria
Uma das belezas da Maçonaria é sua universalidade e tolerância religiosa. Embora na parte ocidental do mundo a Bíblia seja o
Livro Sagrado na Maçonaria mais comum, Lojas compostas por membros de outras fés podem ter sobre a Ara outros textos sagrados. O Bhagavad-Gita, por exemplo, pode ser colocado sobre a Ara em Lojas com membros hindus.
O Bhagavad-Gita, com 770 versos em 18 capítulos, narra “em forma simbólica, a história evolutiva do indivíduo humano”, através do diálogo entre Arjuna (o homem profano) e Krishna (Deus em forma humana). Ele descreve a luta entre as faculdades inferiores do homem (usurpadores) e o Espírito Divino que habita nele, buscando submeter essas potências ao domínio da alma.
Outros textos sagrados, como os Vedas, cuja antiguidade é ignorada, tratam da “criação e da dissolução” e são a base do sistema de castas na Índia. Os Vedas ensinam a “unidade da vida no meio de toda a diversidade” e que “o propósito de toda criação” é a evolução do indivíduo.
O Alcorão, o Livro Sagrado Maçonaria dos Muçulmanos, atribuído ao próprio Deus por Maomé, é um conjunto de normas morais, preceitos dogmáticos e fonte de direito. Ele admite a predestinação, mas atribui ao homem a responsabilidade por suas ações. A contribuição do Islamismo para a civilização, como a criação da gramática, é inegável.
Mesmo doutrinas mais recentes, como a dos Mórmons, com o Livro dos Mórmons, ou a Fé Baha’i, com seus livros sagrados peculiares, são admissíveis para a abertura dos trabalhos maçônicos em Lojas compostas por seus adeptos. A história do Livro dos Mórmons, narrada por Joseph Smith, descreve a manifestação divina de um mensageiro que revelou a existência de placas de ouro e pedras com aros de prata para traduzir o livro.
A Bíblia: Um Relato de Transformação e os Manuscritos de Qumran
As Sagradas Escrituras, para os ocidentais, são o Livro Sagrado na Maçonaria mais lido e traduzido. O Antigo Testamento narra a história desde a criação até o nascimento de Jesus Cristo em nove períodos. O Novo Testamento, por sua vez, divide-se em dois períodos e diversas épocas, desde o anúncio de João Batista até o final do Novo Testamento.
A descoberta dos Manuscritos de Qumram em 1947, por um pastor beduíno, revelou rolos de papiro e pergaminho contendo partes dos originais bíblicos, datados de 100 anos a.C.. Essa descoberta “veio confirmar a veracidade do que contém a Bíblia” , tornando-a uma das fontes principais e seguras da história maçônica.
O Legado para o Aprendiz: Princípios de Vida
As Sagradas Escrituras são a “fonte credenciada dos conhecimentos históricos e místicos da Maçonaria”. Quem já está familiarizado com os Graus Maçônicos percebe a estreita relação desses documentos com os Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito.
No Grau de Aprendiz, o Livro Sagrado na Maçonaria é a base de seus deveres. Ele é instruído a honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo, a tratar todos os homens como iguais, a combater a ambição, o orgulho, o erro, o preconceito, a ignorância, a mentira, o fanatismo e a superstição. Deve praticar a Justiça, a Tolerância e ir em socorro dos necessitados. Esses deveres, fundamentados na Fé, Perseverança e Devotamento, levam o Maçom a fazer o Bem, sem esperar outra recompensa senão a tranquilidade de consciência.
Ainda, o Livro Sagrado na Maçonaria é um símbolo de continuidade divina. O fato de o Esquadro e o Compasso estarem entrelaçados sobre o Livro da Lei, que se encontra aberto, comprova que “a obra divina não cessou”. O Oficiante, ao depositar os instrumentos de trabalho sobre a Ara, oferece-os como uma oferenda em uma ação de criatividade que espiritualiza os símbolos.
Em síntese, o Livro Sagrado na Maçonaria é um guia luminoso e um código de conduta que transcende fronteiras religiosas e culturais, oferecendo ao Maçom os princípios universais para sua edificação moral, intelectual e espiritual, e para sua atuação como um construtor da felicidade humana.
Referências Bibliográficas:
CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.

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