O Esquadro e Compasso: Ferramentas de Retidão, Medida Justa e Perfeição Divina

Introdução

No panteão dos símbolos maçônicos, nenhum par é tão icônico e representativo quanto o Esquadro e Compasso. Unidos sobre o Livro da Lei no Altar dos Juramentos, essas ferramentas não são meros instrumentos de construção; eles são os emblemas mais eloquentes da retidão, da justa medida e da constante busca do Maçom pela perfeição, harmonia e alinhamento com a Vontade Divina.

O Par Indissociável: Princípios da Justiça e da Retidão

Esquadro e Compasso são apresentados juntos na Loja, simbolizando a “medida justa que deve orientar as ações dos Obreiros, conservando-os na Justiça e na Retidão”. Eles representam a dualidade inerente à existência – o material e o espiritual, o terreno e o celestial – que o Maçom deve aprender a harmonizar em sua vida.

O Compasso: A Virtude e a Medida dos Desejos

O Compasso é um instrumento composto de “dois braços articulados que se unem até formarem um ponto em que se separam até permanecerem opostos formando uma linha reta”. Ele se destina a traçar a figura mais perfeita e primária da geometria: o Círculo. O ponto onde uma das hastes do Compasso descansa é o ponto de partida para a “grande aventura da Vida”.

Para o Aprendiz, as pontas do Compasso permanecem “ocultas sob as extremidades do Esquadro”. Isso simboliza que, embora ele esteja ciente da existência e da importância do Compasso, ainda não pode usá-lo plenamente. O Aprendiz deve ser paciente no trabalho de desbastar sua Pedra Bruta, pois só poderá manusear o Compasso após sua obra ser “perfeitamente acabada, polida e esquadrejada”. Essa ocultação das pontas do Compasso é uma lição de humildade e de reconhecimento das etapas do aprendizado. 

O Compasso “limita as nossas paixões e equilibra os nossos anseios”. Ele simboliza a Virtude, sendo a “verdadeira medida dos nossos desejos”. O homem dentro do Círculo traçado pelo Compasso é o Ponto, e o Círculo é o “campo experimental do Eu”, onde “tudo acontece”. A frase de Jesus Cristo, “Eu e o Pai somos Um” , é evocada para explicar que, no Ponto, “nós estamos em Deus e Deus está em nós”, embora limitados pelo Círculo. O homem só poderá “romper as linhas do Círculo” em harmonia com Deus, percorrendo o Universo em Sua companhia.

O Esquadro: A Moralidade e a Retidão da Conduta

O Esquadro, por sua vez, é a ferramenta que simboliza a “moralidade” e era o emblema dos Operários Construtores de Igrejas. Ele representa a retidão de conduta e a justa aplicação da lei. A joia do Venerável Mestre é o Esquadro, e ele o maneja na forma do Malhete, símbolo de comando e força criativa. O Malhete, que também tem um simbolismo de Cruz e triunfo, representa a forma criadora do Venerável na Loja.

A joia do 1º Vigilante é o Nível, e a do 2º Vigilante é o Prumo. Essas jóias representam os instrumentos necessários para a construção arquitetônica. O Nível simboliza a “Igualdade Social”, base do Direito Natural. O Prumo simboliza que o Maçom deve ser “reto no julgamento, sem deixar-se dominar pelo interesse nem pela afeição”. Ambos se completam, demonstrando o “Culto da Igualdade” e a “Retidão”.

União no Livro da Lei: A Obra Divina que não Cessa

Esquadro e Compasso sobre o Livro Sagrado, quando a Loja está em funcionamento, simbolizam que “a obra divina não cessou”. O Compasso, com abertura de 45º e pontas para o Ocidente, e o Esquadro, com o ângulo também para o Ocidente, são depositados sobre o Livro da Lei, que, se for a Bíblia, estará aberto no Salmo 133. Esse ato cerimonioso de depositar os instrumentos de trabalho é uma oferta, um reconhecimento de que o trabalho maçônico é uma extensão da Criação Divina.

As Jóias da Loja são seis: três móveis (Esquadro, Nível e Prumo, transferidos anualmente aos novos Venerável Mestre e Vigilantes) e três fixas (Prancheta, Pedra Bruta e Pedra Polida). A Prancheta da Loja é onde o Venerável Mestre “traça a programação dos trabalhos” , a Pedra Bruta é onde o Aprendiz inicia seu trabalho de desbaste das imperfeições , e a Pedra Polida é o resultado do trabalho perfeito, o homem que dominou suas paixões.

Em suma, o Esquadro e Compasso são mais do que emblemas; são um código de conduta que incita o Maçom a buscar a perfeição em todas as suas ações, a equilibrar a razão e a emoção, e a trabalhar incansavelmente na construção de seu Templo Interior, sempre guiado pelos princípios da Justiça, da Retidão e da Harmonia Universal.


Referências Bibliográficas:

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.

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