A Palavra Sagrada e o Sussurro: A Força Oculta da Vibração Maçônica

Introdução

Dentro da intrincada teia da ritualística maçônica, alguns elementos se destacam pela sua profundidade e pelo mistério que os envolvem. A Palavra Sagrada é, sem dúvida, um desses pilares. Imutável e transmitida de geração em geração, sua peculiaridade reside não apenas em seu conteúdo, mas na forma como é comunicada: através de um sussurro, de ouvido a ouvido, entre as Luzes da Loja. Essa forma de transmissão esconde uma força oculta, uma vibração esotérica que se torna vital para a perfeição dos trabalhos.

O Véu do Sigilo: Preservando a Essência

Palavra Sagrada é imutável e faz parte do Ritual, sendo transmitida oralmente, “sem ser escrita”. Ela é sussurrada ao ouvido, partindo do Venerável Mestre e sendo conduzida pelos Diáconos até os 1º e 2º Vigilantes. Essa transmissão ocorre duas vezes, no início e no fim dos trabalhos. O sigilo em torno da

Palavra Sagrada não é um capricho, mas um mecanismo de preservação: “A reserva é apenas uma questão de regulamento, pois não existe qualquer segredo a guardar, mas apenas um sigilo para preservar”.

A vibração produzida pelo sussurro da

Palavra Sagrada Maçonaria é “exotérica” (mágica) e tem a finalidade de “transmitir a força necessária para que os trabalhos se executem com ordem e perfeição”. Ela funciona como a Palavra Semestral, que, ao ser transmitida na Cadeia de União, produz efeitos.

As Luzes e a Unidade Espiritual

Palavra Sagrada permanece, sempre, entre o Venerável e os Vigilantes, sendo os Diáconos meros mensageiros. As Luzes da Loja – o Venerável e os Vigilantes – “constituem um corpo espiritual único”. Em uma comparação ilustrativa, eles são como parte de uma trilogia religiosa (Pai, Filho e Espírito Santo) ou as três faces de um só triângulo. As três poltronas no altar do Venerável simbolizam a presença dos Vigilantes, que, mesmo no Ocidente, permanecem “integrados na espiritualidade do Venerável”.

Portanto, a Palavra Sagrada “jamais sai do Venerável Mestre”, e por isso “não tem razão de retornar”. Essa concepção reforça a ideia de que a fonte da palavra é única e primordial, e sua transmissão é uma extensão dessa fonte.

A Harmonia da Loja: Do Caos à Ordem

A cerimônia de abertura dos trabalhos, que envolve a Palavra Sagrada, é precedida por um rigoroso processo de organização. O Mestre de Cerimônias, que simboliza o “ordenamento do Caos e a criação do Universo”, distribui os cargos e organiza os Irmãos. É somente após a Loja estar “composta” e os cargos preenchidos que os trabalhos podem começar, pois “a obra está completa” e a Loja representa o Universo. A presença do Grande Arquiteto, que é Justo, torna a obra Perfeita.

A Palavra Sagrada atua nesse contexto como um catalisador de harmonia. Quando o Venerável Mestre e os Vigilantes fazem a verificação da “cobertura do Templo” e da presença de Maçons, eles buscam uma harmonia de forças espirituais. A sensibilidade do 1º Vigilante, por exemplo, é capaz de captar a “disposição da alma” dos presentes e afirmar que todos são, realmente, Maçons, irradiando “qualidades mentais e espirituais”.

A Bateria: A Força do Som Purificador

A Bateria, que acompanha a aclamação “Huzzé” e o sinal gutural, é outro elemento da

Palavra Sagrada que reforça a força vibratória do ritual. A Bateria comum é incessantemente composta por três pancadas no Grau Primeiro. O aplauso dos Obreiros, acompanhado do bater dos malhetes pelas Luzes, produz um “SOM forte” que “abafa qualquer outro som existente na Loja” e tem a finalidade de “neutralizar todas as vibrações negativas”.

O choque das mãos (parte positiva e negativa) “uniformiza todas as vibrações de forma violenta” , promovendo uma “harmonização de emergência” que destrói pensamentos negativos e influências inconvenientes. É um ato de “magia maçônica” que “limpa” as vibrações dos Obreiros, apresentando-as capazes para beneficiarem a todos.

O Patrono da Maçonaria: São João e o Amor Fraterno

Após a abertura do Livro da Lei e a invocação do Grande Arquiteto do Universo, os trabalhos são abertos, oferecendo-os ao patrono da Maçonaria, São João. Há uma discussão sobre qual São João se refere, Batista ou Evangelista. A influência do Cristianismo foi tão forte que a Maçonaria ressurgiu como cristã no ocidente.

São João Evangelista se destaca por ter absorvido a “filosofia do amor” do Divino Mestre. Sua dedicação e o “amor fraterno” que os irmãos oferecem uns aos outros são a “luz que ilumina a Loja”. Sua história, desde a mocidade como pescador até se tornar discípulo de Jesus, é rica em simbolismo. A predileção de Jesus por João, ainda menino, e sua fuga “completamente despido” dos perseguidores, são detalhes que reforçam a pureza e a inocência.

João permaneceu em Jerusalém pregando o Cristianismo, formando discípulos em Éfeso e, depois de ser desterrado para Patmos, faleceu por volta dos 100 anos. Seu Evangelho, diferente dos sinópticos, foca na vida de Jesus em Jerusalém e em discursos inexistentes nos demais, destacando o amor fraternal e múltiplos símbolos. Suas epístolas cantam o amor fraterno e a trilogia: Pai, Verbo e Espírito Santo. O Livro do Apocalipse, figurativo e simbólico, aponta para uma Maçonaria Futura.

A Palavra Sagrada, em seu sussurro e em sua essência, é um elo invisível, mas poderoso, que conecta os Maçons aos princípios mais elevados da Ordem, garantindo que a luz da sabedoria e da fraternidade continue a brilhar no coração de cada Obreiro e no seio da sociedade.


Referências Bibliográficas:

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.

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