A Escada de Jacó: A Ascensão Espiritual e a Busca pela Perfeição do Maçom

Introdução

No vasto e rico universo do simbolismo maçônico, poucas alegorias são tão evocativas e repletas de significado quanto a Escada de Jacó. Inspirada no relato bíblico do Gênesis, essa Escada transcende sua representação literal para se tornar um poderoso emblema da jornada de ascensão espiritual do Maçom, sua busca incessante pela perfeição e a eterna conexão entre o mundo terreno e o plano divino.

A Visão de Jacó: Um Sonho Profético e Simbólico

A origem do simbolismo da

Escada de Jacó remonta ao Livro do Gênesis (Cap. 28, vers. 10-13). A narrativa descreve Jacó partindo de Beer-Sheba para Haran. Ao chegar a um determinado lugar, ele passou a noite ali, pois o Sol já havia se posto. Tomando uma das pedras do lugar, ele a colocou debaixo de sua cabeça e adormeceu. 

Em seu sono, Jacó “sonhou, e eis posta sobre a Terra uma Escada, cujo topo chegava aos Céus e os Anjos de Deus subiam e desciam por ela”. Próximo a ele, estava Jeová, que se apresentou como o Deus de Abraão e Isaac e prometeu a Jacó e sua posteridade a terra em que estava deitado, abençoando todas as famílias da Terra através de sua descendência. Jeová também prometeu: “Eis que estou contigo e te guardarei por onde quer que fores e te reconduzirei para esta terra; por que não te abandonarei até ter Eu cumprido aquilo de que te hei falado”. Ao despertar, Jacó reconheceu a sacralidade do local: “Na verdade, Jeová está neste lugar e eu não o sabia… Quão terrível é este lugar; este não é outro lugar senão a casa de Deus, e também a horta do Céu”.

Múltiplas Interpretações: O Caminho da Perfeição

As interpretações do sonho de Jacó e, especialmente, do significado da Escada de Jacó, são variadas. A mais comum é a de que cada degrau simboliza o “esforço que o Maçom cumpre executar para ascender até a Perfeição; etapas vencidas e iniciações ganhas”. Os degraus representam os diversos planos do Universo. No Rito Escocês Antigo e Aceito, a Escada teria 33 degraus, correspondendo cada um a um Grau Maçônico.

É importante notar que a pedra que Jacó escolheu como travesseiro, simbolicamente, tinha outro destino: “o de servir de pedra angular para a construção do Templo”. Essa conexão com a “Pedra” reforça a importância do Maçom como “Pedreiro Livre”, que deve desbastar sua Pedra Bruta e burilá-la até criar a obra perfeita.

A Ascensão e a Descida: O Elo entre Reinos

Escada de Jacó estava “posta sobre a Terra e seu topo chegava aos Céus”. Isso implica que seus degraus deviam ser em número infinito, e o “Céus” aqui não representava o Firmamento, mas sim o Reino de Deus, onde “Anjos subiam e desciam pela Escada”.

A natureza da Escada de Jacó – com Anjos subindo e descendo – leva a uma interpretação crucial: ela é o “elo de ligação entre os dois Reinos: – o de Deus e o dos Homens”. Não se trata apenas de uma ascensão unidirecional, mas de uma permuta constante entre o divino e o humano, onde a sabedoria e as bênçãos descem, e as aspirações e os esforços humanos ascendem. A Maçonaria, ao apresentar a Escada com anjos subindo e descendo, não sugere que o Maçom se limite a subir; ele também deve descer, levando a luz e o conhecimento para o mundo profano.

Símbolos Adicionais no Topo da Escada

Em alguns Painéis, no topo da

Escada de Jacó, são colocados a Estrela de Sete Pontas e três emblemas cristãos: uma Cruz, uma Âncora e um Cálice. Embora o Cálice (Taça Sagrada ou Taça dos Juramentos) seja o que se conserva atualmente , a presença desses símbolos remete às Virtudes do Maçom: a Fé (Cruz), a Esperança (Âncora) e a Caridade (Coração). A Fé é depositada no Grande Arquiteto do Universo; a Esperança, no aperfeiçoamento moral da Humanidade; e a Caridade, no culto à Fraternidade.

O Desafio do Aprendiz: Subir e Descobrir

O Aprendiz é colocado diante da Escada de Jacó, mas não para “subir e descer” como os Anjos, o que seria uma tarefa infindável. A questão “porque deveria, também, descer os mesmos degraus, assim como o faziam os Anjos?” sugere uma reflexão mais profunda. A interpretação do símbolo Escada é a de que ela é o “marco inicial para a construção de um Templo” e, principalmente, a “promessa feita por Deus a Jacó de que jamais nos abandonaria”.

A jornada do Aprendiz é de esforço, dedicação, zelo e pertinácia. Ele precisa compreender que o caminho para a perfeição não é fácil, mas que a promessa divina de amparo é constante. Os degraus representam, portanto, as etapas de aprendizado e os desafios que o Maçom enfrenta em sua busca por conhecimento e auto-realização.

Em suma, a Escada de Jacó é um símbolo multifacetado que convida o Maçom a uma contínua ascensão espiritual, conectando-o ao divino, inspirando-o à perfeição e reafirmando a promessa de que, em sua jornada, ele não estará sozinho. É um convite a olhar para o alto, mas também a se engajar na transformação do mundo terreno.


Referências Bibliográficas:

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.

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Respostas de 3

  1. A Escada de Jacó, para o Aprendiz, é o elo entre a Terra e o Céu, lembrando que cada degrau é uma virtude que ele deve conquistar para se elevar espiritualmente.

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