Iniciação Maçônica: O Mistério da Câmara de Reflexões

Introdução

A iniciação maçônica representa um dos momentos mais sagrados e transformadores na vida de um homem livre e de bons costumes. Este processo rituálico milenar conduz o profano através de uma jornada simbólica que culmina com sua admissão na Sublime Ordem, marcando o início de sua busca pela Luz.

O Processo Preparatório

A jornada iniciática começa muito antes do candidato adentrar o templo. O recipiendário deve ser preparado “nem nu nem vestido”, sendo despojado de todos os metais – símbolos dos vícios que devem ser abandonados. Este despojamento faz recordar o estado primitivo do homem antes de se tornar civilizado, simbolizando o renascimento espiritual que está por vir.

A preparação inclui ainda deixar algumas partes do corpo desnudas, simbolizando que o iniciado se doa completamente à Sublime Ordem e transfere seu afeto aos irmãos. Esta nudez parcial representa a sinceridade absoluta necessária para trilhar os caminhos da verdade maçônica.

A Entrada no Templo

O ingresso no templo sagrado ocorre através de três pancadas rituais na porta, cujo significado profundo é “batei e sereis atendido, pedi e ser-vos-á dado, procurai e encontrareis”. Este tríplice batimento representa a persistência necessária na busca do conhecimento e da elevação espiritual.

Colocado entre colunas, o candidato deve realizar três viagens simbólicas que representam as dificuldades e atribulações da vida. Estas viagens simbolizam também a conquista de novos conhecimentos pela sobreposição da razão sobre o instinto, demonstrando como as sensações podem ser ilusórias para os sentidos.

As três viagens remetem aos centros mais civilizados onde, na antiguidade, foram inicialmente cultivadas as ciências e artes: Pérsia, Fenícia e Egito. Este simbolismo conecta o iniciado à tradição milenar da busca pelo conhecimento.

A Purificação Pelos Elementos

Durante o ritual, o candidato passa por purificação simbólica pelos elementos, especialmente o fogo. Esta purificação representa que o homem profano ainda não está suficientemente puro para adentrar ao Templo da Sabedoria. Os elementos purificadores preparam o espírito para receber a Luz que será concedida.

A venda que cobre os olhos simboliza as trevas e preconceitos do mundo profano, representando a necessidade que tem o homem de procurar a Luz verdadeira. Esta escuridão temporária intensifica o impacto do momento da iluminação.

O Altar dos Juramentos

O clímax da cerimônia ocorre no Altar dos Juramentos, onde o candidato deve ajoelhar sobre o joelho direito nu, colocar a mão direita sobre o Livro da Lei e, com a mão esquerda, segurar um compasso aberto com as pontas apoiadas no peito também nu. Nesta posição sagrada, presta seu juramento solene de guardar os segredos da Ordem.

As pontas do compasso sobre o peito lembram que desejos e sentimentos devem ser regulados por este símbolo de exatidão. O compasso simboliza as relações entre os integrantes da Ordem e representa a cadeia de união entre todas as lojas espalhadas pela superfície da Terra.

A Concessão da Luz

O momento culminante da iniciação é a concessão da Luz, quando a venda é retirada e o recipiendário se vê cercado por mestres que apontam espadas em sua direção. Esta visão impactante simboliza a proteção que a Ordem oferece aos seus membros, mas também a vigilância constante sobre a conduta moral de cada irmão.

Ao receber a Luz, o novo iniciado contempla pela primeira vez o pavimento de mosaico e o esplendor do Oriente, sendo então recebido como irmão. A Luz representa simbolicamente a dissipação da parcela obscura da ignorância mental e moral, colocando diante do iniciado as sublimes verdades da religião, filosofia e ciência.

Simbolismo da Recepção

A recepção como irmão marca o nascimento de um novo homem, regenerado espiritualmente. O semi-círculo de aço formado pelas espadas representa a proteção fraterna, única ocasião em que as armas são portadas na mão esquerda, simbolizando a defesa do recém-iniciado.

O Trabalho dos Aprendizes

Uma característica peculiar da Maçonaria é que os aprendizes trabalham do meio-dia à meia-noite, diferentemente do horário tradicional. Este horário constitui uma homenagem a Zoroastro, um dos primeiros instituidores dos Mistérios, que reunia secretamente seus discípulos ao meio-dia e encerrava os trabalhos à meia-noite com um ágape fraternal.

A Transformação Interior

A iniciação maçônica não se encerra com a cerimônia ritual. Representa o início de uma jornada de transformação contínua, onde o novo irmão deve trabalhar constantemente no desbaste de sua pedra bruta interior. O verdadeiro iniciado busca exemplarmente cumprir os deveres maçônicos, pois possui a fé que lhe dá coragem, a perseverança que vence os obstáculos e o devotamento que o leva a praticar o bem.

A iniciação maçônica permanece como um dos ritos de passagem mais profundos e transformadores da humanidade, conectando o iniciado a uma tradição milenar de busca pela verdade, justiça e aperfeiçoamento moral.

Referências Bibliográficas

D’ELIA JUNIOR, Raymundo. 100 Instruções de Aprendiz. [S.l.: s.n.], [2006?]. Disponível em arquivo PDF. p. 214-217.

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