Filosofia Maçônica: Princípios do Pensamento Livre

Introdução

A filosofia maçônica constitui um sistema de pensamento único que combina elementos de tradições antigas com princípios universais de desenvolvimento humano. Esta doutrina milenar oferece um caminho estruturado para o aperfeiçoamento moral, intelectual e espiritual do ser humano através da liberdade de pensamento e da busca constante pela verdade.

Fundamentos da Doutrina Maçônica

A filosofia maçônica baseia-se no reconhecimento de que a Maçonaria constitui uma sociedade discreta onde homens livres e de bons costumes se denominam mutuamente irmãos, cultivando a liberdade, fraternidade e igualdade. Seus princípios fundamentais são a tolerância, a filantropia e a justiça, formando um tripé que sustenta todo o edifício filosófico da Ordem.

Esta doutrina abre o caminho para a iniciação, isto é, ao conhecimento verdadeiro. Os símbolos maçônicos proporcionam aos seus membros a possibilidade tanto de acesso quanto de entendimento dessa cultura milenar, permitindo que cada indivíduo desenvolva sua capacidade de compreensão conforme seu nível de evolução pessoal.

As Quatro Escolas do Pensamento Maçônico

A evolução do conhecimento científico e histórico permitiu o desenvolvimento de quatro principais escolas ou tendências do pensamento maçônico, cada uma oferecendo perspectivas distintas sobre a natureza e propósitos da Ordem.

Escola Autêntica

Surgida na segunda metade do século XIX, a Escola Autêntica examinou minuciosamente as antigas tradições da Ordem à luz de documentos históricos autênticos. Esta escola entende que a origem da Maçonaria deriva das lojas e guildas operativas da Idade Média, pressupondo que elementos especulativos foram gradualmente incorporados à tradição operativa.

Os adeptos desta escola tendem a valorizar exclusivamente os três graus fundamentais – Aprendiz, Companheiro e Mestre – considerando que a “Pura Maçonaria Antiga” consistiria apenas nestes graus. Sua interpretação foca principalmente na moralização dos símbolos e cerimônias como complemento do cristianismo.

Escola Antropológica

A Escola Antropológica concede à Maçonaria uma antiguidade muito maior, baseando-se em extensas pesquisas sobre costumes religiosos e iniciáticos de diversos povos. Os estudiosos desta escola descobriram símbolos maçônicos em pinturas, murais, gravuras, esculturas e edifícios das principais civilizações mundiais.

Esta escola demonstra que os maçons modernos são herdeiros de uma tradição antiquíssima que durante incontáveis eras esteve associada aos mais sagrados mistérios dos antigos cultos religiosos. A ela se deve a difusão do que atualmente denominamos simbolismo maçônico universal.

Escola Mística

A Escola Mística encara os mistérios da Ordem como um plano excepcional para o despertar espiritual do homem e seu desenvolvimento interno contínuo. Para o místico maçom, a meta é a união consciente com Deus, e a Ordem fornece o mapa para guiar os passos do buscador do Grande Arquiteto do Universo.

Esta escola contribuiu significativamente para espiritualizar a Maçonaria, manifestando-se através de uma reverência mais profunda pelos mistérios maçônicos e enfatizando a dimensão contemplativa e devocional da experiência iniciática.

Escola Oculta

A Escola Oculta, assim como a mística, objetiva a união consciente com Deus, mas diferencia-se nos métodos de busca. O ocultista visa atingir essa união através do conhecimento e da vontade, preparando sua natureza física, emocional e mental até torná-la uma perfeita expressão do Espírito Divino interior.

Enquanto o místico é mais introvertido, mergulhando na contemplação e no amor, o ocultista é extrovertido, voltando-se para o serviço e o sacrifício. Ambos os caminhos conduzem ao Grande Arquiteto do Universo, mas através de abordagens complementares.

Princípios Fundamentais

A filosofia maçônica estabelece deveres claros para seus adeptos, que devem cumprir as obrigações do estado em que a Providência os colocou, fugir do vício e praticar a virtude. Devem honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo, tratando todos os homens como iguais, sem distinção de classe, credo ou raça.

O verdadeiro maçom deve combater a ambição, o orgulho, a vaidade, o erro e os preconceitos, lutando contra a ignorância, mentira, fanatismo e superstição – flagelos que afligem a humanidade e entravam seu progresso. A prática da justiça recíproca constitui a verdadeira salvaguarda dos direitos e interesses de todos.

Tolerância e Liberdade de Pensamento

Um dos pilares centrais da filosofia maçônica é a tolerância, que permite a cada pessoa o direito de escolher e seguir suas opiniões e religião. Este princípio não significa relativismo, mas reconhecimento da dignidade humana e do direito inalienável à liberdade de consciência.

A liberdade de pensamento deve sempre ser a base e arcabouço de toda filosofia maçônica. A Ordem não delimita o livre pensamento através de dogmatismo, mas o estimula através do estudo, pesquisa e interesse de aprender, conquistando assim um dos principais ideais maçônicos: a liberdade verdadeira.

Método Filosófico

A metodologia filosófica maçônica baseia-se na busca incessante pela verdade através de diferentes abordagens conforme o grau de desenvolvimento do estudante. Os aprendizes realizam esta busca através da intuição, desenvolvendo a sensibilidade espiritual. Os companheiros utilizam a análise, exercitando o discernimento racional. Os mestres empregam a síntese, integrando conhecimento e sabedoria num processo contínuo, evolutivo e racional.

Simbolismo e Transmissão

O simbolismo constitui a grande chave dos ensinamentos de ordem superior. Nenhum sistema esotérico sobreviveria sem um sistema simbólico correspondente, cuja finalidade última é a investigação da origem do mundo e do homem, e a busca da verdade e realidade das coisas.

As cerimônias maçônicas são rituais que empregam palavras, sinais e movimentos simbólicos de significação esotérica, perpetuados através dos séculos. Elas buscam despertar o Eu Superior de seus operadores, movimentando forças energéticas extraordinárias com reflexos sobre o cosmos.

Desenvolvimento Integral

A filosofia maçônica promove o desenvolvimento integral do ser humano, abrangendo aspectos morais, intelectuais, espirituais e sociais. O objetivo não é criar um cenáculo de sábios, agrupamento de poderosos ou academia de estetas, mas uma ordem que busca o poder da justiça com a sabedoria do amor e a beleza moral.

Aplicação Prática

Os preceitos filosóficos maçônicos traduzem-se em aplicação prática através do comportamento cotidiano dos iniciados. O verdadeiro maçom deve ser exemplo de virtude, contribuindo para o progresso da humanidade através de suas ações, palavras e exemplo pessoal.

A filosofia maçônica oferece um caminho estruturado para aqueles que buscam desenvolvimento pessoal, contribuição social e conexão com dimensões superiores da existência, sempre respeitando a liberdade individual e promovendo a fraternidade universal.

Referências Bibliográficas

D’ELIA JUNIOR, Raymundo. 100 Instruções de Aprendiz. [S.l.: s.n.], [2006?]. Disponível em arquivo PDF. p. 209-217.

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