Introdução
A maçonaria, com sua rica história e complexidade, é alicerçada em princípios fundamentais que transcendem o tempo e a cultura. Dois desses princípios, a fraternidade e a igualdade, são evidenciados de forma magistral na prática da Cadeia de União. Este ato litúrgico, realizado nas Lojas Maçônicas, não só simboliza a igualdade entre os maçons, como também reforça os laços de solidariedade e crescimento espiritual mútuo.
A Cadeia de União: Significado e Importância
Etimologicamente, o termo “cadeia” pode remeter a ideias de prisão ou correntes, mas dentro da maçonaria, a Cadeia de União assume um significado profundamente simbólico. Ela representa a conexão inquebrável entre os maçons, unidos pelo compromisso com o bem comum e o crescimento espiritual. Este ritual, de enorme beleza, coloca todos os maçons em pé de igualdade, independentemente de seus graus, funções ou antiguidade.
História e Evolução
A primeira descrição da Cadeia de União é encontrada no Manuscrito de Edimburgo, datado de 1696. Este documento descreve a transmissão da “Palavra de Mestre” através de um ritual específico. No entanto, as referências documentais mais precisas e oficiais datam do século XVIII, quando o Grão-Mestre do Grande Oriente da França, Duque de Chartres, implementou a Palavra Semestral e definiu sua transmissão por meio da Cadeia de União. Este procedimento consistia em passar a palavra de orelha em orelha, em voz baixa, ao final da sessão, com todos os irmãos formando a cadeia no centro da Loja.
A Cadeia de União também está associada à Loja Ferdinand “O Venturoso”, em Viena, em 1778. Além disso, o famoso compositor Mozart, iniciado na maçonaria em 1784, compôs um cântico em 1791 que veio a ser adotado como o hino da maçonaria na Alemanha, exaltando a importância da Cadeia de União.
A Cadeia de União: Ritual e Simbolismo
Morfologicamente, a Cadeia de União é composta por três toques simbólicos entre irmãos, através das mentes unidas num pensamento comum, dos pés e das mãos. Os pés são colocados em esquadria, com os calcanhares unidos e as pontas dos pés tocando as dos irmãos ao lado, simbolizando a Orla Dentada. Este arranjo representa a união que deve ser mantida por todos os homens quando o amor fraternal domina os corações.
As mãos, sem luvas, são semicerradas em forma de garra, com a mão direita apertando a mão esquerda do irmão ao lado, após cruzarem os braços, o direito sobre o esquerdo. Este gesto simboliza a corda de 81 nós, representando a união fraterna entre os irmãos espalhados pelo Universo e a segurança interna do templo durante as sessões.
A quebra da Cadeia de União é realizada de forma lenta, de Oriente para Ocidente, repetindo o movimento dos braços três vezes após a oração “que assim seja”. Este processo reforça a força de cada elo da cadeia, manifestando a solidariedade e o compromisso entre os irmãos.
A Cadeia de União: Reflexão e Espiritualidade
A Cadeia de União é criada ao redor do quadro da Loja e dos três pilares da Sabedoria, da Força e da Beleza. A solenidade do ritual é acentuada pela escolha adequada da composição musical e da luminosidade, geralmente reduzida à luz das velas dos três pilares.
Espiritualmente, a Cadeia de União assume um papel crucial para um maçom. Este ritual não só fortalece a comunhão e a partilha entre os irmãos, mas também permite a constituição de uma Egrégora, uma força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais dos participantes. Esta dimensão de partilha e comunhão é fundamental, especialmente para os aprendizes, que se comprometem a viver em união com os irmãos e a defender e ajudar uns aos outros.
Conclusão
A Cadeia de União é, sem dúvida, um dos momentos mais profundos e significativos dentro da maçonaria. Ela simboliza a fraternidade e a igualdade, valores que são a espinha dorsal desta antiga e respeitável instituição. Para os maçons, participar deste ritual é uma experiência de rara força espiritual e comunhão, um momento de reflexão, solidariedade e paz interior. Seja em Cadeia de União ou fora dela, os maçons são chamados a viver em fraternidade e a cultivar os valores que os unem, reforçando assim os laços que fazem da maçonaria uma verdadeira irmandade global.
