Introdução
O Grau de Companheiro na Maçonaria não é um mero ponto de passagem entre o Aprendiz e o Mestre; ele representa um mergulho profundo na Filosofia Maçonaria Companheiro, um convite à reflexão e ao questionamento sobre os grandes mistérios da vida e da própria existência. É nessa fase que o Maçom é instigado a ir além do tangível, buscando a verdade e o conhecimento como pilares de sua evolução.
As Grandes Perguntas e a Inquietude do Espírito
Desde o início, o Companheiro é confrontado com as indagações mais fundamentais da humanidade: “O que é a vida?”, “Para que serve a vida?”, e “Qual será o fim da vida?”. Essas perguntas, muitas vezes ignoradas pela maioria dos homens que se contentam com as satisfações materiais, tornam-se para o Maçom uma verdadeira obsessão, um enigma a ser desvendado.
A Filosofia Maçonaria Companheiro impulsiona o Obreiro a um trabalho cerebral intenso, buscando compreender os mundos e os seres, interrogando a Natureza e meditando sobre seus segredos com empenho. A satisfação plena só é alcançada quando uma “boa ideia” surge, permitindo explicar racionalmente o que antes parecia incompreensível.
A Verdade: Múltiplas Faces, um Único Propósito
A verdade, no contexto da Filosofia Maçonaria Companheiro, não é uma coisa material, mas sim a relação de conformidade entre o conhecimento e as coisas. O filósofo Aristóteles já afirmava: “Dizer que é o que é, e que não é o que não é, eis a verdade”.
A Maçonaria distingue duas espécies de verdades:
- Verdade Lógica: A verdade dos conhecimentos, a conformidade da inteligência com o objeto.
- Verdade Ontológica: A verdade das coisas, a conformidade com a Inteligência Divina.
Enquanto tudo o que existe é ontologicamente verdadeiro, a verdade lógica aparece em diferentes estados da inteligência: ignorância, dúvida, opinião, certeza e erro. A busca pela verdade, portanto, é um processo dinâmico que exige reflexão e discernimento. O Companheiro é incentivado a “olvidar tudo o que não é próprio” e a “concentrar-se no íntimo de seus pensamentos”, buscando a fonte da verdade não apenas nos livros, mas na meditação e no exercício da razão.
A Filosofia Maçonaria Companheiro também ecoa as “Quatro (4) Nobres Verdades” de algumas tradições orientais, que abordam o sofrimento, sua causa (os desejos), sua extinção (removendo o desejo) e o caminho para a tranquilidade (disciplinar a mente). Para o Maçom, o “Amor é a via primordial para a iluminação”.
O Tetragrammaton e a Manifestação Quaternária
Dentro da Filosofia Maçonaria Companheiro, o Tetragrammaton adquire um significado especial. Representado por “quatro (4) letras” hebraicas (IOD, HE, VAU, HE), ele simboliza o “ser dos seres”, a manifestação divina.
- IOD: A primeira e menor letra do alfabeto sagrado, representa o princípio ativo, o órgão gerador masculino, a causa agente. Simboliza o ser que pensa, quer e manda, como a Coluna J∴, que representa o fogo realizador.
- HE (primeiro): A segunda letra, corresponde ao Sopro que emana do interior e se espalha, simbolizando a vida, a atividade exercida pelo princípio criador. Sem HE, IOD não seria ativo.
- VAU (ou VO): A terceira letra, com função de conjunção, simboliza o que liga o abstrato ao concreto, o indivíduo ao coletivo, a relação entre causa e efeito, e a Lei que regula a atividade.
- HE (segundo): A repetição de HE ao final do Tetragrammaton exprime o resultado da atividade, o trabalho executado, a ideia concebida, a determinação formulada.
Essa sequência revela a manifestação quaternária da ação: Princípio ativo (sujeito), Atividade desenvolvida (verbo), Aplicação da atividade (regulada), e Resultado produzido (objeto). A Quintessência, do ponto de vista hermético, é o ser que se manifesta unicamente pela ação, pois “não agir equivale a não existir”.
A Gnose e a Sabedoria dos Números
A Filosofia Maçonaria Companheiro também se conecta à Gnose, o “conhecimento perfeito” ou o impulso que leva a aprender sempre mais. No centro da Estrela Flamígera, a Letra G é frequentemente interpretada como Gnose, representando o conhecimento esotérico e a compreensão da causa das coisas.
Além disso, a Filosofia Maçonaria Companheiro está ligada às propriedades intrínsecas dos Números, a “Gnose Numérica”:
- Aprendiz: Familiaridade com a “tétrade (4) pitagórica”, fundamento de todas as coisas.
- Companheiro: Segue os estudos do quatro para chegar ao cinco (5), seis (6) e sete (7).
- Mestre: A partir do sete, eleva-se ao oito (8), nove (9) e, finalmente, ao dez (10).
Essa progressão numérica simboliza a contínua busca por conhecimento e a ascensão nos planos da existência.
Em suma, a Filosofia Maçonaria Companheiro é um convite ao Obreiro para uma profunda jornada de autodescoberta. É a busca incansável pela verdade, o aprimoramento da inteligência e a compreensão dos mistérios do Universo, visando não apenas o bem-estar individual, mas a irradiação da luz para toda a Humanidade.
Referências Bibliográficas:
D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria: 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras, 2019.

mercadolivre.com.br