Introdução
A jornada das Origens Remotas Maçonaria nos leva a um dos berços da civilização: o Antigo Egito. Longe de ser uma simples coincidência, a influência egípcia no simbolismo e na filosofia maçônica é um tema de profundo estudo, revelando como um “Movimento” ancestral, precursor da Maçonaria, encontrou nesse solo fértil um terreno propício para seu desenvolvimento e para a semeadura de ideais que viriam a moldar o pensamento humano.
O “Movimento” que deu origem à Maçonaria, em sua “inexorável marcha do Oriente para o Ocidente”, encontrou o Nilo e se estabeleceu em suas margens, conquistando todo o Egito. Em uma terra repleta de mistérios, cultos e uma profunda valorização de seus Reis, esse Movimento não apenas se integrou, mas “engrandeceu e contribuiu para que a civilização se agigantasse”.
A Luta contra a Teocracia e o Impulso ao Monoteísmo
Um dos grandes desafios que o “Movimento” enfrentou na Maçonaria no Egito foi a “teocracia injusta” e o politeísmo reinante. Os sacerdotes egípcios haviam manipulado os símbolos e a concepção religiosa, criando divindades e cultos complexos para manter o domínio sobre o povo. Foi nesse cenário que o “Movimento” atuou para banir essa teocracia e, com o apoio do culto ao deus Sol, impulsionou a longa jornada em direção ao monoteísmo.
A ascensão do poderoso Menés, que conseguiu arrancar o poder das mãos dos sacerdotes, marcou uma fase brilhante na civilização egípcia. O “Movimento” aliou-se a ele para “aperfeiçoar as leis e civilizar os homens” , criando novos ambientes para suas reuniões, que eram “devidamente fechados às indiscrições”, com “palavras de passe, senhas, e todos os cuidados, iguais ou mais rigorosos, ainda, que os seguidos pela Maçonaria atual”. Isso demonstra uma clara prefiguração das práticas maçônicas de sigilo e seleção.
O Combate entre Luz e Trevas: Um Princípio Fundamental
Na Maçonaria no Egito, os iniciados adotaram o princípio filosófico da “Luz e das trevas em constante luta”, e o mito de Ísis e Osíris. Essa dualidade, que representa o bem e o mal, a ordem e o caos, tornou-se um pilar do pensamento do “Movimento”, que se obrigava a propalar o bem e a combater o mal.
Apesar da suntuosidade e da complexidade das cerimônias religiosas egípcias, o “Movimento” buscou uma interpretação racional e valiosa da simbologia. O misticismo sacerdotal, com seus requintes de imaginação, criava superstições e predizia o futuro pelos astros, manipulando a crença popular. A astrologia, nesse contexto, surge como “misticismo simbólico”, e não como ciência. Contra essa “embriaguez de poder, de magia e superstição”, o “Movimento” se levantou, transferindo essa simbologia para a Maçonaria de forma intacta.
Arquitetura Monumental: Onde o Movimento se Fez “Pedreiro Livre”
O “Movimento” chegou ao Egito sem se preocupar inicialmente com a engenharia. No entanto, ao contemplar a capacidade artística dos egípcios, ele a ampliou, conferindo aos Templos, túmulos e monumentos uma “amplitude que, ainda nos tempos atuais, os povos admiram”. Foi na Maçonaria no Egito que o “Movimento” se fez “pedreiro livre”. Embora não tenha trazido uma contribuição arquitetônica maior, ele utilizou o que encontrou como base de seu programa, ditando as “regras áureas da construção” para os povos sucessivos.
As Pirâmides e a Esfinge, testemunhos sólidos do manejo da instrumentação maçônica, comprovam a presença de arquitetos extraordinários. O enigma da Esfinge simboliza o próprio enigma da Maçonaria: “ela está ali, palpável, presente e em destaque, mas dela tudo se desconhece”. Inscrições antigas revelam que a Esfinge já era “incalculavelmente velha” para os faraós da IV Dinastia, que viveram há mais de seis mil anos.
Documentos como o papiro de Nesi-Aamsu, com a descrição do castigo aplicado ao neófito violador de juramentos, e o baixo relevo no templo de Khnumu, representando irmãos saudando-se maçonicamente, além da figura do pelicano em outros textos, são “sinais evidentes” da existência do “Movimento” na Maçonaria no Egito e sua conexão com a Ordem.
O Legado para o Templo de Salomão e Além
A Maçonaria no Egito e o “Movimento” que ali atuou foram fundamentais para a construção do Templo de Salomão, um “exemplo clássico da arte e ciência de construir”, que foi resultado do trabalho encetado pelo “Movimento” através de Hiram Abif. É crucial, contudo, não confundir a iniciação nos mistérios egípcios com a iniciação maçônica atual, pois são distintas, apesar de algumas similitudes serem apontadas.
O “Movimento” foi enfraquecendo no Egito com invasões e a perda do amor às ciências, até ressurgir entre os Hebreus fugitivos, dando continuidade à sua missão libertadora. Assim, a Maçonaria no Egito não é apenas um capítulo histórico; é a demonstração de como os ideais de razão, liberdade e conhecimento se manifestaram em uma das civilizações mais antigas e influentes, pavimentando o caminho para a Maçonaria que conhecemos hoje.
Referências Bibliográficas:
CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.

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