A Abóboda Celeste no REAA

Introdução

A abóbada celeste, um elemento essencial na arquitetura dos templos maçônicos, possui uma origem etimológica interessante: deriva do latim “volvita,” que significa revirada. Este termo refere-se a um teto arqueado, que é convexo na parte exterior e côncavo na parte interior. Em muitos ritos maçônicos, o teto de uma loja é construído de forma arqueada para simbolizar o firmamento, representando o céu sob a perspectiva de alguém no hemisfério norte. A loja maçônica é, simbolicamente, uma seção da Terra localizada sobre o equador terrestre. Seu comprimento é orientado de Leste para Oeste, enquanto sua largura se estende de Norte a Sul.

No contexto do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), a decoração da abóbada é geralmente estelar, inspirada nos templos do Antigo Egito, como o Templo de Karnak em Luxor. No entanto, é crucial ressaltar que não há evidências históricas de que a maçonaria, especialmente o Rito Escocês, existisse no Antigo Egito. A maçonaria moderna surgiu na Idade Média, e o REAA se originou no século XVIII, sendo formalmente estabelecido em 1801, em Charleston, Carolina do Sul, EUA.

Apesar das diversas interpretações sobre a decoração estelar nos templos, há um consenso de que o teto deve obedecer à orientação do hemisfério norte, onde a maçonaria moderna nasceu. As constelações e astros devem ser posicionados de acordo com essa orientação, evitando invenções místicas ou ocultas que possam distorcer a essência racional e simbólica da maçonaria universal.

Conteúdo Estelar da Abóbada

Cor da Abóbada

A abóbada deve ser azul celeste, apresentando uma gradativa mudança de tonalidade, sendo mais clara no Oriente e mais escura no Ocidente. Essa transição simboliza a aurora e o ocaso do Sol, representando o ciclo diário e a passagem do tempo, elementos importantes na simbologia maçônica.

Luminárias

O Sol e a Lua são elementos fundamentais na abóbada celeste. O Sol deve estar posicionado no Oriente, próximo ao altar do Venerável Mestre, mas ligeiramente deslocado para sudeste. A Lua, em quarto crescente, deve estar no Ocidente, sobre a mesa do Primeiro Vigilante. Estes astros representam a dualidade e o equilíbrio, conceitos centrais na filosofia maçônica.

Constelações

– Orion: Localizada entre a estrela Aldebaran e o meridiano do Meio-Dia, simboliza o Grau de Aprendiz. Orion é uma das constelações mais facilmente reconhecíveis e possui uma rica mitologia associada à força e perseverança.
– Híadas: Situada no quadrante Norte-Nordeste, próxima à estrela Arcturus, simboliza o Grau de Companheiro. As Híadas são associadas à chuva e à fertilidade, refletindo a evolução e o crescimento do maçom.
– Plêiades: No quadrante Norte, entre o zênite e a linha do horizonte boreal, simboliza o Grau de Mestre. As Plêiades, também conhecidas como as Sete Irmãs, representam a busca pelo conhecimento e a conexão com o cosmos.
– Ursa Maior: Visível apenas no hemisfério norte, simboliza a orientação. A Ursa Maior, com sua famosa configuração de “carro”, é uma ferramenta de navegação e orientação, refletindo a busca pelo caminho correto na vida maçônica.

Planetas

– Mercúrio: Representado no quadrante nordeste, próximo ao Sol, simboliza o Mestre de Cerimônias. Mercúrio é o mensageiro dos deuses, simbolizando comunicação e movimento.
– Júpiter: No quadrante sudeste, entre o Sol e o horizonte austral, simboliza o Primeiro Vigilante. Júpiter representa sabedoria e liderança, qualidades essenciais para o Primeiro Vigilante.
– Vênus: No zênite da abóbada, próximo à linha do horizonte ocidental, simboliza o Segundo Vigilante. Vênus, a estrela da manhã, representa beleza e harmonia.
– Saturno: Próximo à estrela Spica, simboliza o Tesoureiro. Saturno, associado ao tempo e à disciplina, reflete a responsabilidade e a diligência necessárias para a função de Tesoureiro.

Estrelas

– Arcturus: Próxima ao horizonte boreal, no quadrante Norte-Nordeste, é uma das estrelas mais brilhantes no céu noturno.
– Spica: Localizada no zênite ocidental, é a estrela mais brilhante da constelação de Virgem.
– Aldebaran: Próxima à constelação de Orion, no eixo longitudinal da abóbada, é uma gigante vermelha que representa a força e a resistência.
– Régulus: No quadrante Noroeste, próxima à Lua, é a estrela mais brilhante da constelação de Leão.
– Fomalhaut: Próxima ao horizonte austral, no quadrante Sul-Sudoeste, é uma estrela solitária e brilhante no céu do hemisfério sul.
– Antares: No Ocidente, entre o horizonte austral e o zênite, é a estrela mais brilhante da constelação de Escorpião.

Essas estrelas representam as Dignidades de uma Loja, sendo cinco as principais (Três Luzes, Orador e Secretário) e a sexta representando o Cobridor Interno. A Estrela Flamejante, de origem pitagórica, possui um profundo conteúdo simbólico e deve ser posicionada no meridiano do Meio-Dia, sobre a mesa do Segundo Vigilante.

Conclusão

A abóbada celeste nos templos maçônicos do REAA é um elemento de profunda simbologia, representando o firmamento e orientando os obreiros na observação do “Infinito.” A precisão na decoração estelar reflete o compromisso com a tradição, racionalidade e essência simbólica da maçonaria, lembrando que a ciência e a razão devem sempre prevalecer sobre as fantasias e ilusões. Ao abordar a abóbada do templo maçônico no REAA, este artigo destaca a importância da simbologia estelar e a necessidade de seguir as orientações tradicionais, mantendo a essência racional e universal da maçonaria.

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