Introdução
O grau de Companheiro é um dos pilares da formação simbólica na Maçonaria. Posicionado entre o Aprendiz e o Mestre, ele representa muito mais que uma etapa transitória: é um grau de maturidade, trabalho e expansão do conhecimento.
No livro Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro, Raymundo D’Elia Junior dedica três instruções (35 a 37) à história e função desse grau fundamental, trazendo luz a seu valor simbólico, seu contexto histórico e seu papel na formação do verdadeiro Maçom.
✦ Origem histórica do grau
O grau de Companheiro tem suas raízes nos antigos ofícios da Idade Média, especialmente nas corporações de construtores e pedreiros-livres. Segundo D’Elia, o termo “companheiro” designava originalmente o trabalhador que, após aprender o básico como aprendiz, já possuía qualificação para atuar ao lado de outros obreiros.
Esse título conferia status, responsabilidade e direitos. O companheiro podia viajar, trabalhar em diferentes obras e, eventualmente, candidatar-se ao grau de mestre. Era reconhecido por seu mérito e experiência.
Na Maçonaria moderna, esse sentido foi resgatado e ampliado. O grau de Companheiro passou a simbolizar aquele que lapidou sua pedra bruta e agora se dedica à construção do templo interior com maior clareza, liberdade e consciência.
✦ Transição entre saber e sabedoria
O Aprendiz observa e aprende. O Companheiro já atua com mais liberdade e reflexão. Ele desenvolve pensamento próprio, questiona, busca respostas, estuda a geometria do mundo e de si mesmo.
Esse é o momento da jornada maçônica em que o trabalho se torna mais exigente. A simbologia se aprofunda. Ferramentas ganham novos significados. O mundo profano é reavaliado com um novo olhar.
Para D’Elia, “o Companheiro é aquele que se compromete com a busca consciente da Verdade”, e não apenas com sua repetição. É o grau do conhecimento dinâmico, onde a moral e a razão caminham lado a lado.
✦ Propósito moral e iniciático
O propósito do grau de Companheiro pode ser resumido em três grandes eixos:
Trabalho – O Companheiro é chamado ao esforço consciente, à construção do templo ético, interior e coletivo.
Conhecimento – O segundo grau exige estudo, investigação, comparação. O símbolo mais simples pode esconder verdades profundas.
Progresso – Ele representa o movimento. O Companheiro não está mais preso à Coluna do Norte. Ele caminha — e, ao caminhar, evolui.
Esse grau é marcado por símbolos como a Estrela Flamígera, a Letra G, a Marcha, a Palavra de Passe, e ferramentas como o nível, a régua e o esquadro. Cada um convida o iniciado a examinar a si mesmo e a aperfeiçoar sua conduta no mundo.
✦ A dimensão universal do grau
Embora cada rito traga nuances próprias, o grau de Companheiro é universalmente reconhecido como o grau da expansão da consciência. Ele coloca o maçom diante de um mundo a ser explorado — mas, sobretudo, diante de si mesmo como instrumento dessa exploração.
O Companheiro aprende a dialogar com os outros, pois já não é apenas um receptáculo. Ele é agora canal de transmissão, voz ativa na Loja e no mundo.
D’Elia enfatiza que esse diálogo exige postura ética, paciência e responsabilidade. É a consciência de que se está construindo algo maior — e de que cada palavra e ação tem peso nesse edifício simbólico.
✦ Companheiro: aquele que caminha ao lado
O termo “companheiro” tem origem no latim com panis — aquele que partilha o pão. Em outras palavras, o Companheiro é aquele que caminha junto, que compartilha, que se reconhece em seu semelhante.
Essa ideia é essencial na Maçonaria: ninguém caminha sozinho. A jornada é feita em fraternidade, com humildade e disposição para aprender e ensinar.
Ao tornar-se Companheiro, o maçom assume esse compromisso: compartilhar sua luz sem apagar a do outro, construir sem destruir, ensinar sem orgulho, aprender com gratidão.
📚 Referência bibliográfica
D’Elia Junior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras Editora, 2019.

mercadolivre.com.br