Malho e Cinzel: Instrumentos de Transformação na Maçonaria

Introdução

No vasto universo simbólico da Maçonaria, os instrumentos utilizados pelos maçons durante seus rituais e trabalhos possuem significados profundos e multifacetados. Entre esses símbolos, destacam-se o malho e o cinzel, ferramentas essenciais no grau de Aprendiz, que carregam uma carga simbólica rica e transformadora. Este artigo explorará o significado desses instrumentos, baseando-se na tradição maçônica e em interpretações de estudiosos como Jules Boucher, Oswald Wirth, e outros.

A Simbologia do Malho

O malho, conhecido também como martelo, deriva do latim *malleus*, e é descrito por Jules Boucher em sua obra “A Simbólica Maçônica” como um emblema de trabalho e força material. Na Maçonaria, ele é utilizado como símbolo da força que o Aprendiz deve empregar para moldar a “Pedra Bruta”, ou seja, para transformar seu caráter e superar as imperfeições pessoais.

O malho simboliza, também, a vontade ativa e perseverante do Aprendiz. Não se trata apenas de uma ferramenta física, mas sim de uma representação da determinação necessária para derrubar obstáculos e superar dificuldades. A vontade simbolizada pelo malho, no entanto, não deve ser confundida com teimosia ou obstinação. Deve ser uma vontade firme, mas equilibrada, que permite ao maçon avançar em sua jornada de aperfeiçoamento pessoal.

Além disso, estudiosos como Ragon e Plantageneta associam o malho à inteligência que age e persevera. É uma ferramenta que dirige o pensamento e anima a meditação, ajudando o maçon a buscar incessantemente a Verdade em sua caminhada. Este símbolo é tão significativo que também está presente nas insígnias do Venerável Mestre (VM) e dos Vigilantes na Loja, representando a autoridade e o comando dentro da Ordem.

A Simbologia do Cinzel

O cinzel, cuja origem etimológica vem do latim *cisellus*, significa “cortar”. Ele é utilizado para esculpir e dar forma à matéria, sendo indispensável na transformação da “Pedra Bruta”. No contexto maçônico, o cinzel representa a intelectualidade, a razão e a capacidade crítica do Aprendiz.

Enquanto o malho simboliza a força e a vontade, o cinzel representa a precisão e o discernimento. É com o cinzel que o maçon deve revisar continuamente seus conhecimentos, afiando sua mente assim como se afia uma lâmina, para que possa aplicar suas habilidades de forma eficaz e eficiente em sua vida profana e maçônica.

Oswald Wirth, renomado autor maçônico, descreve o cinzel como um instrumento que, na mão esquerda (lado passivo), simboliza a receptividade intelectual e o discernimento especulativo. É por meio do cinzel que o maçon pode corrigir erros, destruir sofismas e aprimorar sua compreensão do mundo.

A Interdependência do Malho e do Cinzel

Na Maçonaria, o malho e o cinzel são inseparáveis. Juntos, esses instrumentos representam a dualidade entre o ativo e o passivo, entre a vontade e a razão, entre a força e a precisão. Um não pode ser plenamente eficaz sem o outro. O malho, embora poderoso, seria inútil sem o cinzel para direcionar sua força. Da mesma forma, o cinzel seria praticamente ineficaz sem a força do malho para conduzi-lo.

Essa interdependência é fundamental para a compreensão do trabalho maçônico. O malho, como símbolo da lógica, necessita do cinzel para que, através de argumentos bem fundamentados, o maçon possa discernir o certo do errado e corrigir seus próprios erros. Assim, ambos os instrumentos concorrem para um mesmo objetivo: a busca pela perfeição e pela Verdade.

A Conexão Mística e a Importância do Malho e do Cinzel

O malho e o cinzel também possuem uma conexão mística profunda com antigos deuses e tradições. O malho, por exemplo, está associado a divindades como Donar, na mitologia germânica, Sucellos na tradição celta, e Thor na mitologia escandinava. Essas associações reforçam a ideia de que o malho representa mais do que um simples instrumento de trabalho; ele é um símbolo de poder, firmeza e perseverança.

Além disso, o malho utilizado pelo VM é tradicionalmente feito de madeira de marfim, simbolizando pureza e força, qualidades essenciais para quem ocupa essa posição de liderança dentro da Loja.

Conclusão

O malho e o cinzel são mais do que simples ferramentas na Maçonaria; são símbolos poderosos que representam a jornada do Aprendiz em busca do aperfeiçoamento pessoal e espiritual. Eles ensinam que a força deve ser acompanhada de discernimento, que a vontade deve ser temperada com razão, e que a busca pela perfeição é um esforço contínuo e disciplinado. Ao compreender e aplicar esses ensinamentos, o maçon avança em sua jornada rumo à Verdade e à Luz.

Referência Bibliográfica: 

JUNIOR, R. Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz. [s.l: s.n.]. p. 76–78

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