Introdução
O Painel da Loja de Companheiro: Um Mapa de Símbolos e Conhecimento
No coração de cada Loja Maçônica reside um elemento de profunda importância e significado: o Painel. Para o Grau de Companheiro, o Painel Loja Maçonaria transcende a função de um simples adorno, tornando-se um verdadeiro “mapa” de símbolos e conhecimentos que guiam o Obreiro em sua jornada de aperfeiçoamento. Ele é uma espécie de “estandarte ou insígnia”, onde estão gravados os símbolos apropriados do respectivo Grau, para serem “estudados, compreendidos, estimados e respeitados”.
A Tradição do Painel: Do Chão ao Pano
A história do Painel Loja Maçonaria remonta à Idade Média, quando sua ausência tornava a Loja incompleta. Naquela época, os antigos Maçons não dispunham de Templos fixos e eram obrigados a desenhar os símbolos diretamente no piso dos canteiros de obras com giz ou carvão. Ao final dos trabalhos, o desenho era apagado para preservar seu sentido maior, uma prática que se modificou ao longo do tempo. Progressivamente, os símbolos passaram a ser “desenhados, pintados ou bordados” em panos, lonas ou tapetes, que receberam a denominação de “Painel”. Essa evolução, do desenho efêmero à representação permanente, demonstra a importância duradoura do Painel como ferramenta de instrução.
Desvendando os Símbolos do Painel do Companheiro
O Painel Loja Maçonaria do Grau de Companheiro é um tesouro de simbolismo, cada elemento contribuindo para a instrução do Obreiro:
- Orla Dentada: Protege o retângulo do Painel e demarca os “quatro (4) pontos cardeais”. Conforme o Rito, pode conter uma Trolha ou um Laço em cada canto, simbolizando a união fraterna entre os Homens.
- Cinco (5) Degraus: Localizados na parte inferior do Painel, lembram os “cinco (5) sentidos” do Homem: olfato, audição, visão, tato e paladar. Filosoficamente, as cinco viagens do Cerimonial de Elevação referem-se a esses sentidos, que são os “melhores conselheiros nos julgamentos a fazer”.
- Corda: Circunda o Painel e, idealmente, deveria conter “cinco (5) nós”, embora em alguns Rituais se observem apenas “três (3)”. Cada extremidade da Corda é terminada por uma Borla, simbolizando a união.
- Sol e Lua: Representados de forma semelhante em muitos Painéis, o Sol à esquerda e a Lua à direita (no REAA, por exemplo), simbolizam o dualismo e a universalidade. Os trabalhos da Loja são abertos ao Meio-Dia, quando o Sol está no zênite, e fechados à Meia-Noite, quando a Lua está em seu esplendor, referenciando a luz divina.
- Sete (7) Estrelas: Representam as “Sete (7) Artes Liberais e Ciências”: Gramática, Retórica e Lógica (do Trivium), e Aritmética, Geometria, Música e Astronomia (do Quadrivium). Elas enfatizam a importância do estudo e do conhecimento para o Companheiro.
- Colunas J∴ e B∴: Localizadas na Entrada do Templo, são monumentos que serviam como “guardiões espirituais” e recordavam os filhos de Israel e a milagrosa Coluna de Fogo. No Grau de Companheiro, podem estar encimadas por “duas (2) esferas” (Globo Terrestre e Celeste), simbolizando a universalidade da Maçonaria. A passagem da coluna de Aprendiz para a oposta representa a “modificação em sua programação evolutiva”, incitando o Companheiro a exercitar a imaginação e a sensibilidade.
- Esquadro e Compasso Entrelaçados: Alegoria onde o espírito (Compasso) supera a matéria (Esquadro). No centro da figura, frequentemente, está a Estrela Flamígera com a Letra G, o símbolo mais importante do Segundo Grau, representando o Homem e seus membros, e a luz artificialmente iluminada na Loja de Companheiro.
- Prancha de Traçar: Também conhecida como Prancheta da Loja, é uma das “três (3) joias fixas da Oficina”. Embora característica do Grau de Mestre, sua presença no Painel do Companheiro sublinha a importância do planejamento e do projeto em todas as obras.
- Três (3) Janelas: Dispostas uma no Oriente e duas no Ocidente, simbolizam que a Luz emana do Oriente, tornando-se mais fraca ao se aproximar do Ocidente. A ausência de janela no Setentrião, onde estão os Aprendizes, indica que eles recebem “mui fraca Luz”.
- Pedra Polida ou Cúbica: Própria desse Grau, representa a “estabilidade e a perfectibilidade” que cada Maçom deve atingir na “edificação do Templo interior”. Em contraste, a Pedra Bruta, do Aprendiz, simboliza as imperfeições a serem corrigidas.
- Prumo (Perpendicular) e Nível (Horizontal): Instrumentos que permitem a aferição de linhas perfeitas, garantindo a verticalidade e horizontalidade das construções e dos atos humanos. Eles representam as “duas (2) polaridades universais” e o equilíbrio.
- Maço e Cinzel: Embora com maior aplicação no Grau de Aprendiz, sua presença no Painel de Companheiro lembra que o Maço simboliza a vontade e a força, e o Cinzel, o discernimento, essenciais para o desbaste da Pedra Bruta.
- Régua e Alavanca: A Régua simboliza o método e a retidão, enquanto a Alavanca refere-se ao “poder irresistível da vontade inflexível”, capaz de mover quase tudo. Sua combinação no Painel reforça a ideia de que a vontade é invencível quando a serviço do Direito.
- Trolha: Presente em alguns Ritos, simboliza o “amor fraterno, indulgência e perdão”, usada para “cimentar” as Pedras do edifício com a argamassa da irmandade.
- Pavimento Mosaico: Com seus ladrilhos brancos e pretos, representa o assoalho do Grande Templo e a “rigorosa exatidão que tudo deve equilibrar, no domínio dos sentimentos humanos”.
- Pórtico do Templo: Suas portas fechadas aos profanos, mas abertas para a consciência dos Companheiros, significam a “completa libertação” e a capacidade de contatar o Mundo Exterior para aprimorar conhecimentos.
O Painel Loja Maçonaria é, em suma, uma fonte inesgotável de aprendizado, onde a simbologia, quando bem compreendida e interpretada, torna as instruções da Loja mais claras e elucidativas. Ele condensa o “caminho a ser trilhado para atingir, pelo trabalho e observação, o domínio de si próprio”, preparando o Companheiro para as próximas etapas de sua evolução na Sublime Ordem.
Referências Bibliográficas:
D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria: 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras, 2019.

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