O Painel do Grau de Companheiro: Tradição e Segredos

Introdução

Na Maçonaria simbólica, cada elemento do templo possui significado próprio. Entre esses elementos, o Painel do Grau de Companheiro ocupa lugar de destaque. Mais do que uma simples peça decorativa, ele é um compêndio visual de instrução esotérica, um verdadeiro mapa simbólico da caminhada do iniciado no segundo grau.

Essa tradição é antiga e rica em significados. Como bem ressalta Raymundo D’Elia Junior, no livro Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro, o painel reúne elementos visuais que traduzem valores, princípios e símbolos fundamentais do grau. Entender seu conteúdo é um exercício de interpretação e reflexão que todo Companheiro deve buscar.

✦ O que é o Painel Maçônico?

O painel é uma prancha, geralmente disposta ao centro da Loja ou projetada em destaque durante os trabalhos, composta por símbolos organizados de acordo com o grau em questão. No grau de Companheiro, os símbolos expressam o progresso na senda do aperfeiçoamento, a valorização do trabalho, o domínio dos sentidos e a preparação para o Mestrado.

Essas imagens podem variar de acordo com o rito praticado, mas há elementos que permanecem consistentes por sua importância simbólica.

✦ Elementos do Painel do Grau de Companheiro

O autor dedica dois capítulos inteiros (capítulos 14 e 15) para descrever e comentar o Painel do Grau, demonstrando sua riqueza simbólica e sua função didática. Entre os principais elementos destacados, temos:

  • As Ferramentas do Companheiro: esquadro, compasso, alavanca, régua de 24 polegadas, entre outras. Cada uma carrega um ensinamento moral e prático.

  • As Três Grandes Luzes: representadas geralmente pelo Esquadro, Compasso e Livro da Lei — presentes desde o grau de Aprendiz, mas com nova conotação neste grau.

  • A Escada de Jacó: que continua representando a ascensão espiritual, agora com novos desafios e virtudes exigidas.

  • A Letra G: em destaque, representa tanto a Geometria quanto o Grande Arquiteto do Universo, sendo um ponto de reflexão constante.

  • A Estrela Flamígera: símbolo do conhecimento, da luz e da revelação.

  • As Colunas B e J: com significados renovados à luz do grau.

  • O Sol, a Lua e o Mestre: símbolos do ciclo da vida e da busca pelo equilíbrio entre razão, intuição e sabedoria.

Cada um desses símbolos pode ser explorado individualmente, e é exatamente isso que o Companheiro deve fazer: investigar, refletir e assimilar.

✦ Simbologia e função didática

O painel não é apenas um enfeite ritualístico. Ele funciona como uma prancha de instrução simbólica, um verdadeiro quadro negro onde o aprendizado se desenrola por meio da contemplação.

A visualização constante do painel durante os trabalhos é uma forma de reforçar os valores que o grau transmite. Mais do que decorar os significados, o Companheiro deve sentir-se desafiado a integrá-los em sua vida prática.

Segundo D’Elia Junior, o painel do Grau de Companheiro não é apenas um “resumo” do que se aprende, mas uma ponte entre o visível e o invisível, entre a forma e a essência.

✦ Diferenças em relação ao grau de Aprendiz

No grau de Aprendiz, o painel é mais simples e voltado à ideia de autoconhecimento inicial, desbaste da pedra bruta e preparação para o caminho.

Já no painel do Companheiro, há uma complexificação simbólica, revelando que agora o maçom já pode lidar com conceitos mais refinados. É um painel que convida à lapidação interna, ao trabalho consciente e ao domínio de si mesmo.

As ferramentas não são mais apenas instrumentos de transformação externa, mas passam a representar virtudes internas, como paciência, retidão, discernimento e perseverança.

✦ A importância da interpretação pessoal

Cada Companheiro traz consigo uma experiência de vida única. Por isso, embora os símbolos sejam universais dentro da tradição maçônica, a interpretação e a vivência desses símbolos é sempre pessoal.

O painel, assim, atua como um espelho espiritual. O que o maçom vê ali pode depender de sua disposição interior, sua busca por conhecimento e sua abertura ao que é sutil.

Como ensina a tradição, “a Maçonaria não ensina o que pensar, mas como pensar”. E o painel é uma das ferramentas mais poderosas nesse sentido.


📚 Referência bibliográfica

D’Elia Junior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras Editora, 2019.

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