Introdução
O Papel da Mulher na Maçonaria Simbólica é um tema que suscita reflexões históricas, éticas e simbólicas. Embora muitas Obediências tradicionais mantenham a Maçonaria Simbólica reservada aos homens, isso não significa ausência de reconhecimento da importância feminina. Pelo contrário, a mulher é vista como sustentáculo moral da família e como presença inspiradora nos valores que a Ordem cultiva, influenciando de modo decisivo a vida maçônica, ainda que de forma indireta em muitos ritos.
A mulher na visão simbólica da Maçonaria
Na perspectiva simbólica, a mulher representa a matriz da vida, a sensibilidade, o acolhimento e a capacidade de educar para a virtude. Em inúmeras reflexões maçônicas, ela é associada à pureza, à delicadeza de sentimentos e à força moral que ajuda a moldar o caráter dos futuros homens. A figura da mãe, da esposa, da irmã e da filha surge como referência de amor, sacrifício e dedicação, sem as quais a própria sociedade não se sustenta.
A Maçonaria, que busca formar “homens melhores para construir um mundo melhor”, reconhece que grande parte dos valores que o maçom traz consigo foi semeada por mulheres em sua vida. Assim, a admiração, o respeito e a gratidão à mulher fazem parte integrante da cultura maçônica.
A “cunhada” e o ambiente doméstico
No contexto simbólico e tradicional, chama-se “cunhada” a esposa do maçom. Mesmo não participando diretamente dos trabalhos da Loja em muitos ritos, ela exerce papel fundamental: zelar pelo lar, apoiar o irmão em sua jornada, compreender suas ausências legítimas quando está em sessão e, sobretudo, contribuir para que a família seja um ambiente de retidão e amor.
A Loja trabalha dentro do Templo; a cunhada, por sua vez, ajuda a manter o “templo” do lar em harmonia. Ela é vista como guardiã da estrutura familiar, auxiliando na formação moral dos filhos, transmitindo valores éticos e consolidando a estabilidade emocional que o maçom necessita para cumprir suas obrigações com serenidade.
Simbolismo das luvas oferecidas à mulher
Em muitos ritos, o neófito recebe, na sua iniciação, dois pares de luvas: um para seu próprio uso ritualístico e outro destinado à mulher que mais estima — não necessariamente a que mais ama, mas a que considera mais digna de ser amada. Esse gesto é profundamente simbólico: as luvas, brancas, representam pureza, inocência e candura.
Ao presentear a mulher com esse par de luvas, o maçom declara seu respeito e reconhecimento por ela, reconhecendo que a dignidade feminina é fonte de inspiração para que ele próprio se mantenha puro em suas ações, pensamentos e atitudes. Ao utilizar suas luvas no Templo, o maçom é lembrado da pureza que deve cultivar; ao entregar outro par à mulher, reconhece nela a expressão viva desses ideais.
Evolução histórica e caminhos de inclusão
A tradição de muitas Obediências chamadas “regulares” manteve por séculos a exclusão formal da mulher como membro ativo da Maçonaria Simbólica. Porém, paralelamente, surgiram formas de participação feminina em ordens de adoção, maçonarias femininas e mistas, onde mulheres levam adiante trabalhos semelhantes, inspiradas em símbolos e princípios próximos aos da Maçonaria tradicional.
Esse processo reflete a evolução social e a permanente revisão de práticas que, em muitos lugares, já consideram a igualdade de direitos entre homens e mulheres não apenas um valor profano, mas também um ideal compatível com a filosofia maçônica. Mesmo quando a inclusão plena não ocorre, o debate sobre o Papel da Mulher na Maçonaria Simbólica ajuda a Ordem a refletir sobre seu próprio compromisso com a justiça e a fraternidade universais.
Mulher, valores e futuro da Ordem
Independentemente do modelo organizacional adotado por cada Obediência, fato é que o futuro da Maçonaria está intimamente ligado à educação das novas gerações, e esse papel é desempenhado, em grande medida, pelas mães e pelas mulheres da família. Ao incentivar o estudo, a retidão e o amor ao próximo nos filhos e netos, a mulher coopera para que surjam, no futuro, homens aptos a trilhar a senda iniciática com consciência e responsabilidade.
Assim, o Papel da Mulher na Maçonaria Simbólica não pode ser reduzido à presença física em Loja ou à posse de um título. Ele é percebido na sua influência silenciosa, na formação do caráter, na preservação do lar e na inspiração que oferece aos maçons para que vivam, fora do Templo, aquilo que aprendem dentro dele.
Conclusão
O Papel da Mulher na Maçonaria Simbólica é profundamente respeitado e valorizado sob a ótica da tradição, da família e da moral. Seja na figura da mãe, da esposa, da irmã ou da filha, a mulher aparece como presença essencial para que a Maçonaria cumpra seu objetivo de aperfeiçoar o ser humano e a sociedade. Reconhecer essa importância e expressar gratidão e consideração não é apenas um gesto de gentileza, mas um dever ético coerente com os mais elevados ensinamentos da Arte Real.
Referência Bibliográfica
CASTELLANI, José. 100 Instruções de Aprendiz. [S.l.]: [s.n.], [20–]. Manuscrito digital, 151 p. Disponível em: arquivo pessoal do usuário. Acesso em: 27 nov. 2025.





