Introdução
No coração da história e do simbolismo maçônico, o Templo de Salomão Maçonaria ocupa um lugar de proeminência incontestável. Descrito com detalhes nas Sagradas Escrituras, este monumento não é apenas uma edificação grandiosa; ele é considerado o berço da Maçonaria Operativa e um modelo arquetípico para os Templos Maçônicos em todo o mundo. Sua construção, a organização dos obreiros e os eventos ali ocorridos são fontes inesgotáveis de ensinamentos para a Ordem.
A Promessa e o Início da Grande Obra
A revelação de que o Rei Salomão se dedicaria à “arte de construir” vem desde a profecia de Samuel (II, Samuel, capítulo 7, versículo 13): “Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre”. É nos livros de I Reis (capítulos 5 a 7) que encontramos os elementos que nos convencem de que a Maçonaria já se apresentava tão aperfeiçoada, a ponto de influenciar o reinado de Salomão.
Hirão, rei de Tiro, amigo de Davi, enviou seus servos a Salomão ao saber que este fora ungido rei. Salomão, por sua vez, explicou a Hirão que seu pai Davi não pôde edificar uma casa ao nome do Senhor devido às guerras, mas que agora, o Senhor lhe havia dado “descanso de todos os lados”. Salomão expressou sua intenção de edificar uma casa ao Nome do Senhor, conforme a palavra divina a seu pai. Pediu, então, a Hirão que lhe cortasse cedros do Líbano, oferecendo as soldadas aos seus servos, pois sabia que “entre nós ninguém há que saiba cortar a madeira como os sidônios”.
Hirão, ao ouvir as palavras de Salomão, “muito se alegrou” e bendisse o Senhor por ter dado a Davi um “filho sábio sobre este tão grande povo”. Ele prometeu cumprir a vontade de Salomão quanto aos cedros e faias, transportando-os em jangadas pelo mar até o local designado, e Salomão, por sua vez, forneceria sustento à casa de Hirão. Assim, Hirão forneceu a madeira, e Salomão, em retribuição, deu a Hirão “vinte mil coros de trigo” e “vinte coros de azeite batido” anualmente. A paz e a aliança foram seladas entre os dois reis.
A Organização dos Obreiros e as Medidas Sagradas
O Rei Salomão mobilizou uma “leva de gente” de trinta mil homens de todo Israel, enviando-os ao Líbano em grupos de dez mil, um mês no Líbano e dois meses em casa, sob a supervisão de Adoniram. Além desses, havia “setenta mil que levavam as cargas, e oitenta mil que cortavam nas montanhas”. Os chefes dos oficiais, três mil e trezentos, davam as ordens ao povo.
A obra do Templo de Salomão Maçonaria foi edificada com “pedras grandes, e pedras preciosas, pedras lavradas, para fundarem a Casa”. As pedras eram lavradas pelos “edificadores de Hirão e os gebalitas” e preparadas para a construção. Um detalhe crucial: a Casa era edificada com “pedras preparadas; como as traziam se edificava, de maneira que nem martelo, nem machado nem nenhum outro instrumento de ferro se ouvia na Casa quando a edificavam”. Isso sugere a perfeição do trabalho prévio, onde cada pedra chegava pronta para ser encaixada, um princípio de silêncio e precisão que ressoa em alguns Ritos Maçônicos.
O Templo foi edificado em sete anos, iniciado no ano 480 após a saída dos filhos de Israel do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão, no mês Zive (segundo mês). Suas dimensões eram de “60 côvados de comprimento, e de 20 côvados de largura, e de 30 côvados de altura”. Um côvado era igual a três palmos, ou 66 centímetros.
Detalhes da Arquitetura e Simbolismo
O pórtico diante do Templo tinha 20 côvados de comprimento e 10 de largura. A Casa possuía “janelas de vista estreita” e câmaras em redor da parede, com larguras progressivas de 5, 6 e 7 côvados, feitas para não travarem as paredes.
A porta da câmara do meio estava à banda direita da Casa, e por caracóis se subia à do meio, e dela à terceira. Salomão cobriu a Casa com pranchões e tabuado de cedro, e as câmaras com madeira de cedro. As paredes internas eram revestidas de tábuas de cedro, lavradas com “botões e flores abertas”, de modo que “pedra nenhuma se via”.
O Templo de Salomão Maçonaria era ornamentado com ouro puro, cobrindo o Oráculo (Santo dos Santos), o altar e toda a Casa. Querubins de madeira de oliveira, de 10 côvados de altura e 10 côvados de envergadura de asas, foram colocados no Oráculo, cobertos de ouro. As paredes eram lavradas com “esculturas e de entalhes de querubins e de palmas, e de flores abertas”.
As Colunas Jaquim e Boaz: Força e Estabilidade
Um dos elementos mais emblemáticos do
Templo de Salomão Maçonaria são as duas colunas de cobre, “18 côvados de altura” e “um fio de 12 côvados cercava cada uma”. Hiram de Tiro, filho de uma mulher viúva da tribo de Naftali e pai de um homem de Tiro que trabalhava em cobre, foi encarregado de toda a obra de cobre, sendo “cheio de sabedoria, e de entendimento, e de ciência”.
Essas colunas eram encimadas por capitéis de cobre de 5 côvados de altura, com “redes de obra, de rede, as cintas de obra de cadeia” e 200 romãs em fileira em redor para cobrir os globos dos capitéis, além de “obra de lírios”. O rei levantou a coluna direita e a chamou de “Jaquim” (Jachin); a coluna esquerda foi chamada de “Boaz”.
Outros elementos notáveis incluíam o “mar de fundição”, redondo, de 10 côvados de uma borda à outra, 5 côvados de alto, cingido por um cordão de 30 côvados e apoiado sobre 12 bois. Eram também feitas 10 bases de cobre e 10 pias de cobre, com detalhes intrincados de leões, bois e querubins. Toda essa obra em cobre foi fundida na planície do Jordão, entre Sucote e Zaretá.
O Templo de Salomão Maçonaria não é apenas uma narrativa histórica; é um compêndio de simbolismo para a Maçonaria. A organização dos obreiros, a precisão da construção, a riqueza de detalhes e a própria dedicação à edificação de um Templo ao Senhor são lições perenes para os Maçons, representando a busca pela perfeição, a harmonia e o serviço à glória do Grande Arquiteto.
Referências Bibliográficas:
CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.
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