O Templo Maçônico: Um Universo em Miniatura e o Berço da Edificação Interior

Para o Maçom, o Templo não é apenas um edifício; é um espaço sagrado, um universo em miniatura, onde cada detalhe, desde sua arquitetura até sua decoração, carrega um profundo Templo Maçônico. É nesse ambiente que os trabalhos da Ordem se desenrolam, e onde o Obreiro busca a edificação de seu Templo Interior, alinhando-se aos princípios da Ordem e à Vontade do Grande Arquiteto do Universo.

As Dimensões do Universo Maçônico

O Templo Maçônico começa com suas dimensões. A Loja tem a forma de um quadrilongo, com seu comprimento estendendo-se “do Oriente ao Ocidente”, sua largura “do Norte ao Sul”, sua profundidade “da superfície ao centro da Terra” e sua altura “da Terra ao Céu”. Essa vasta extensão simboliza a “universalidade” da Instituição e a ideia de que a “Caridade do Maçom não tem limites, a não ser os ditados pela Prudência”.

A orientação da Loja do Oriente ao Ocidente segue a tradição dos Templos antigos e do Culto Divino, pois é do Oriente que surge o Sol, e de lá vieram a “Civilização e a Ciência” e a “Doutrina do Amor e da Fraternidade”. O Tabernáculo de Moisés, com sua orientação de Leste a Oeste, serviu de modelo para o

Templo de Salomão Maçonaria e, consequentemente, para as Lojas Maçônicas.

As Colunas da Sustentação: Sabedoria, Força e Beleza

O Templo Maçônico é sustentado por três Colunas alegóricas: Sabedoria, Força e Beleza.

• A Sabedoria, representada pelo Venerável Mestre (que se senta no Trono de Salomão), é a orientadora no trabalho maçônico.

• A Força, representada pelo 1º Vigilante (que reflete a força de Hirão, rei de Tiro), é o que anima e sustenta em todas as oportunidades.

• A Beleza, representada pelo 2º Vigilante (que espelha Hiram Abif, por sua ornamentação do Templo), embeleza as ações, dando-lhes sentimentos.

Essas três Colunas são, arquitetonicamente, invisíveis, mas sua representação é vital: “ser Sábio com Força, sem ter Beleza, é triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa sensibilidade”.

O Teto Celeste e a Escada de Jacó

O teto da Loja, o Templo Maçônico, é a “abóbada celeste”, o caminho simbólico para alcançar, verticalmente, o Conhecimento Espiritual no Universo Infinito: a Escada de Jacó. No topo dessa escadaria, frequentemente, estão colocados os três símbolos cristãos: Fé, Esperança e Caridade. A Fé é depositada no Grande Arquiteto do Universo; a Esperança, no aperfeiçoamento moral da Humanidade; e a Caridade, no culto à Fraternidade.

Ornamentos, Paramentos e Joias: A Riqueza do Simbolismo

O Templo Maçônico Simbolismo é adornado por Ornamentos, Paramentos e Jóias:

• Ornamentos:

  • Pavimento de Mosaicos: Localiza-se na Câmara do Meio, elevando o simbolismo com suas lições preciosas. Formado por ladrilhos alternados, brancos e negros, simboliza a “diversidade dos homens e de todos os seres”, unindo Espírito e Matéria. Representa a igualdade entre as raças, o Bem e o Mal, e a Estrada da Vida. Sua análise profunda das cores (negro como ausência de cor, branco como polarização) convida a lições de filosofia transcendental.

  • Estrela Flamejante: A principal Luz da Loja, “símbolo do Sol, Glória do Criador, e sobretudo, da Caridade”. Ela irradia Luz e Calor (ensino e conforto) por toda parte, simbolizando que a Caridade não deve ser restrita, mas estendida a toda a Humanidade. Há variações de posição (sobre o dossel, a porta ou o altar do 2º Vigilante). É uma estrela flamejante com raios ondulantes, por vezes com seis pontas de cristal e a letra “G” (Grande Geômetra ou Jeová) em seu centro. Também pode ser de cinco pontas (Estrela de Davi, símbolo do Homem Perfeito) ou sete pontas (o setenário, as sete direções da Vida até a Perfeição).

  • Orla Dentada: No perímetro da Loja, simboliza a “união fraterna”, a “muralha protetora em torno da Humanidade” e a “Cadeia de União” entre os Maçons. Representa a atração Universal e o Amor que os une.

• Paramentos:

  • Livro da Lei: O Código de Moral que guia o Obreiro, sua filosofia e a fé que o fortalece.

  • Compasso e Esquadro: Apresentados unidos na Loja, simbolizam a “medida justa que deve orientar as ações dos Obreiros, conservando-os na Justiça e na Retidão”. As pontas ocultas do Compasso sob o Esquadro simbolizam que o Aprendiz só poderá usar o Compasso após sua obra (Pedra Bruta) estar “perfeitamente acabada, polida e esquadrejada”. O Compasso é a “causa e origem de todas as coisas”, limitando paixões e anseios.

• Jóias:

  • Jóias Móveis: Esquadro, Nível e Prumo. São transferidas anualmente aos novos Venerável Mestre e Vigilantes. O Esquadro (Venerável) simboliza a moralidade e a retidão. O Nível (1º Vigilante) simboliza a igualdade social. O Prumo (2º Vigilante) simboliza a retidão no julgamento.

  • Jóias Fixas: Prancheta da Loja, Pedra Bruta e Pedra Polida. A Prancheta (Venerável) simboliza a memória e a programação dos trabalhos. A Pedra Bruta (1º Vigilante) representa o homem em seu estado primitivo, a ser desbastado. A Pedra Polida (2º Vigilante) representa o homem instruído, que dominou suas paixões e libertou-se de preconceitos, refletindo o que adquiriu.

A Missão da Loja: Tornar Feliz a Humanidade

O Templo Maçônico, na visão de Rizzardo da Camino, é uma “Instituição que tem por objetivo tornar feliz a Humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à Autoridade e à Religião”. Ele é Universal, com Oficinas espalhadas por toda a Terra, sem preocupação com fronteiras e raças.

Em suma, o Templo Maçônico é um microcosmo que reflete as leis do Universo e as aspirações do Maçom. Cada elemento, com sua profunda simbologia, convida o Obreiro a uma jornada de autoconhecimento, disciplina e serviço, visando a construção de um mundo mais justo, harmonioso e verdadeiramente feliz.

Referências Bibliográficas:

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs, 2001.