Introdução
Na dança sutil dos rituais maçônicos, onde cada símbolo carrega um segredo, os cinco sentidos — visão, audição, tato, olfato e paladar — emergem como portais da alma. Na Maçonaria, eles não são apenas ferramentas do corpo, mas caminhos para a percepção espiritual, conectando o maçom ao mundo, ao Templo e à sua própria essência. Eles são os fios que tecem a experiência humana, guiando o iniciado em sua busca pela luz.
A visão é o primeiro portal. No Templo, os olhos do maçom encontram o pavimento mosaico, o Delta Luminoso, o painel da Loja. Cada imagem é uma lição, um convite para enxergar além do óbvio. Durante a iniciação, a venda cobre os olhos do candidato, simbolizando a cegueira do mundo profano. Quando ela é removida, a luz do Templo o acolhe, ensinando que a verdadeira visão é a da mente e do coração.
A audição vem em seguida. O silêncio da Loja é quebrado por palavras sagradas, pelo som do malhete, pela música dos rituais. O aprendiz, calado, aprende a ouvir com atenção, captando os ensinamentos dos irmãos. A audição é a porta da sabedoria, permitindo que o maçom absorva as verdades da Ordem e as vozes da fraternidade, um eco das tradições que atravessam séculos.
O tato é o sentido da conexão. Quando os irmãos formam a Cadeia de União, suas mãos se encontram, criando um vínculo físico e espiritual. O tato está presente no juramento, quando o candidato toca o Livro da Lei, e no aperto de mão maçônico, que identifica os irmãos. Ele ensina que a Maçonaria é uma experiência vivida, onde o contato humano é sagrado.
O olfato, embora menos evidente, também tem seu lugar. O incenso, usado em algumas Lojas, purifica o ar e eleva a alma, conectando o maçom ao divino. O aroma do Templo, com suas velas e madeiras polidas, cria uma atmosfera de reverência. O olfato é o sentido da memória, trazendo à tona as emoções da iniciação e dos rituais.
O paladar, por fim, aparece nos banquetes fraternais, onde os irmãos compartilham pão e vinho. Esses momentos, chamados de ágapes, simbolizam a comunhão e a simplicidade. O paladar lembra que a Maçonaria nutre não apenas a mente, mas o espírito, fortalecendo os laços entre os irmãos.
Na Maçonaria, os cinco sentidos são mais do que funções biológicas: são ferramentas de transformação. O aprendiz aprende a refinar sua percepção, usando os sentidos para decifrar os símbolos do Templo. O Companheiro os aplica no estudo das artes liberais, enquanto o Mestre os usa para contemplar o Grande Arquiteto. Juntos, eles formam um caminho para a iluminação, um convite para viver com atenção plena.
Hoje, em um mundo onde os sentidos são bombardeados por estímulos, a Maçonaria oferece uma lição: a verdadeira percepção vem da disciplina. Os cinco sentidos, quando guiados pela virtude, tornam-se portais para a sabedoria, conectando o maçom à fraternidade e ao divino.
Referência Bibliográfica
JUNIOR, R. Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz. [s.l: s.n.].

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