Introdução
Na jornada maçônica, o título de Companheiro Maçom vai muito além de um mero reconhecimento ritualístico; ele representa um compromisso profundo com um conjunto de Qualificações do Companheiro Maçom que definem a essência de um Obreiro dedicado e útil à Grande Obra. O verdadeiro Companheiro entende que a Maçonaria não é um fim em si mesma, mas um meio para o aprimoramento constante e a serviço da Humanidade.
A Loja Universal e a Consciência da Unicidade
O verdadeiro Companheiro compreende que existe apenas uma Loja – o Universo – e uma fraternidade que abrange tudo o que existe em qualquer plano da Natureza. Ele entende que o Templo de Salomão é, na verdade, o “Templo do Homem Solar” (SOL-OM-ON), manifestado pelos construtores. Isso o leva a reconhecer a universalidade de seus votos de irmandade e fraternidade, incluindo todos os reinos: mineral, vegetal, animal e o próprio Homem na Instituição Maçônica.
Uma das novas Qualificações do Companheiro Maçom é a responsabilidade pelo reino da Natureza. O Companheiro, por meio de seu compromisso de Elevação, prefere “sucumbir a falhar na grande obrigação”, dedicando-se no altar de Deus com alegria e sentindo-se recompensado ao servir os melhores pelos poderes recebidos do Maior.
Essa visão acurada, que vai “além dos Rituais”, permite ao Companheiro reconhecer a unicidade da vida manifestada em suas múltiplas formas. Ele percebe que seu posicionamento sobre assuntos materiais não é tão importante quando comparado à sua evolução e vida interior. As aparências ou expressões mundanas, se não forem acompanhadas de um desenvolvimento espiritual, são consideradas um fracasso para a Ordem, pois a Maçonaria é a “Ciência abstrata do desenvolvimento espiritual”.
A Impessoalidade e a Luz Divina
A prosperidade material não é a medida do crescimento da alma. O Companheiro compreende que, ao apoiar outras almas, há um princípio de vida e a “fagulha de Deus” em todas as coisas vivas. Essa consciência o leva ao reconhecimento da unidade espiritual e da Loja cósmica, entendendo que a “fagulha brilha no inimigo como no amigo”.
Uma das Qualificações do Companheiro Maçom mais elevadas é a capacidade de se tornar “divinamente impessoal” em seu pensamento, ação e desejo. Isso significa não estar vinculado apenas ao seu próprio credo, e compreender que a Ordem nada preceitua ou impõe a esse respeito, mesmo com a iluminação divina que compõe a Loja. Ele entende que sua religião, livremente adotada, deve ser vista como universal, reconhecendo a Luz, independentemente de quem a oferece – seja Cristo, Buda, Maomé, etc..
O Companheiro pode prestar culto em qualquer santuário e curvar-se ante qualquer altar, seja Templo, Mesquita, Catedral, sem deixar de entender a unicidade da verdade espiritual. Ele compreende que as religiões se formaram de uma mesma história contada de muitas maneiras, mas cujo grande propósito é sempre a harmonia com os ideais maçônicos.
Ação Fraterna e Serviço Desinteressado
Uma das mais notáveis Qualificações do Companheiro Maçom é seu altruísmo. Ele é um adepto da doutrina com objetivo da conduta humana, interessado pelos outros, com amor ao próximo, desprendimento e abnegação ao aplicar os deveres confiados. O Companheiro não almeja nada para si, mas trabalha “sem interesse para o bem geral”.
Assumir uma obrigação espiritual e desistir dela demonstra falta de confiança. A verdadeira Luz só chega àquele que, sem nada pedir, está pronto a doar. O Adepto reconhece que um voto não cumprido acarreta severa pena, pois o fracasso em viver nas adequadas condições de mentalidade, espiritualidade e moralidade implica no rompimento desses importantes votos.
O verdadeiro Maçom, em sua batalha diária pela própria melhoria física, mental e espiritual, não fará dos desejos o objetivo de seu trabalho, nem do dever de colaborar. Ele está à disposição dia e noite, deixando os afazeres ao ser convocado pelo construtor, pois o trabalho deve ser feito. Sua vida é dedicada a essa preparação, sabendo que os mais úteis são os que bem absorveram as experiências práticas da vida, não se limitando à Loja, mas atuando nos problemas do dia a dia.
A Vida como Prece e a Constante Construção
Quando o Integrante jura e promete devotar a vida à Construção da Casa do Pai, e depois viola o “templo vivo” pela perversão do poder mental, força emocional e/ou energia ativa, ele quebra o voto, causando sérias implicações. Contudo, para ser digno de ser Maçom, ele deve ser capaz de restringir o que o impele a agir por condições ou linguagem inadequadas, impondo referências ao Grande Mestre. A reconstrução só se fará pela purificação e aplicação construtiva da energia, uma invocação viva capaz de construir e projetar o poder do Criador. Sua vida é a única prece aceitável pelo Altíssimo.
Os verdadeiros Companheiros têm consciência de que seu trabalho não é secreto, mas deve permanecer “desconhecido”, principalmente àqueles que não vivem a verdadeira vida maçônica. Se os segredos da Ordem fossem propagados, os preceitos da fraternidade seriam preservados, pois a qualidade espiritual é mais importante do que a compreensão dos segredos.
O Companheiro deve trabalhar com as ferramentas disponíveis, enquanto os de Grau Superior devem “prover e melhorar as ferramentas”, elevando a qualidade dos resultados. Ele não deve procurar falhas nos trabalhos dos outros, nem tecer críticas, mas ter caridade com todos, buscando merecer a confiança do Supremo, trabalhando em silêncio e com paciência.
As Qualificações do Companheiro Maçom exigem humildade e gratidão. O Companheiro não deve adotar uma postura de soberba ou orgulho. Se ele se sentir diminuído no cargo ou lugar que ocupa, deve perceber que precisa trabalhar mais, pois está abaixo do padrão requerido. O Maçom dedicado aos estudos pode dar mais de si, e quanto mais longe estiver, mais entende que está em local escorregadio, e se perder a simplicidade e humildade, ocorrerá uma queda inevitável.
O Maçom jamais deve se sentir merecedor da Ordem, mas sim trabalhar, estudar e auxiliar. O verdadeiro Integrante se destaca pela simplicidade e evolui na hierarquia não por eleição, mas por seu desenvolvimento, crescimento, autopurificação e mudanças espirituais.
Em última análise, as Qualificações do Companheiro Maçom são um roteiro para uma vida de propósito, serviço e elevação espiritual, onde cada ação, palavra e pensamento contribuem para a construção do Templo Eterno e a glória do Criador.
Referências Bibliográficas:
D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria: 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras, 2019.

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