Introdução
“Templos à Virtude” é uma expressão que ressoa profundamente nos rituais maçônicos, especialmente no Grau de Aprendiz. No Rito Adonhiramita, por exemplo, o Venerável Mestre pergunta: “Para que nos reunimos?”, e o Primeiro Vigilante responde: “Para levantar templos à virtude, forjar algemas ao vício e cavar masmorras ao crime.” A Instrução 100 de Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz reflete sobre esse ideal, questionando como os maçons podem aplicá-lo em um mundo caótico, marcado por corrupção e inversão de valores.
Os Templos à Virtude não são apenas construções físicas, mas representações simbólicas do compromisso maçônico com a moralidade e o bem comum. O livro destaca que os maçons se reúnem com o objetivo de praticar a virtude, um princípio que os diferencia dos profanos. No entanto, a realidade cotidiana — com crimes, corrupção e impunidade — desafia essa missão. Como, então, erguer Templos à Virtude em meio a tanto caos?
A resposta está na união e na ação coletiva. O texto sugere que os maçons têm a responsabilidade de ir além do Templo, interferindo nos centros de decisão e colaborando com autoridades que compartilham o desejo de justiça. Historicamente, a Maçonaria já demonstrou essa capacidade: movimentos como a Independência do Brasil e a Abolição da Escravatura foram impulsionados por maçons que transformaram ideais em ações concretas. Os Templos à Virtude, nesse sentido, são construídos não apenas com símbolos, mas com esforços reais para melhorar a sociedade.
No entanto, o livro aponta uma dificuldade: a prática da virtude é mais fácil dentro da Loja do que no mundo profano. A corrupção desenfreada, os delitos impunes e a “barbárie” cultural descrita pelo jornalista Renato Pompeu no texto mostram um cenário oposto ao ideal maçônico. Isso leva a uma reflexão: condenar o vício e o crime é suficiente, ou os maçons devem ampliar seu círculo de atuação? A Instrução 100 argumenta que sim, propondo que a união dos irmãos é a “fagulha” capaz de reacender a ordem e a justiça.
Os Templos à Virtude também têm um significado pessoal. Cada maçom é chamado a construir esse templo dentro de si, cultivando a virtude e rejeitando o vício. Esse processo interno é o alicerce para a mudança externa. Como diz o livro, a Maçonaria deve se unir para “acabar com os corruptos, corruptores e exploradores”, um objetivo que exige coragem e perseverança.
Em um mundo onde, segundo Sérgio Buarque de Hollanda, os “milagres” econômicos se esgotaram e o crime organizado floresce, os Templos à Virtude representam uma esperança. Eles lembram os maçons de sua missão de reverter a “loucura, vaidade e destruição” descritas por Kant, substituindo-as por harmonia e progresso. Erguer esses templos é, enfim, um ato de fé no potencial humano — uma missão que começa na Loja, mas deve ecoar no mundo.
Referência Bibliográfica
JUNIOR, R. Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz. [s.l: s.n.].

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